dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...
dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...
dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
constituição <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. Assim, estreitando ainda mais os laços com a Antropologia e<br />
a História. A primeira ciência postula que, “sem uma tradição, uma coletivida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> viver<br />
or<strong>de</strong>nadamente, mas não tem consciência do seu estilo <strong>de</strong> vida” (DAMATTA, 1987, p. 48),<br />
assim, o homem é o único ser que tem consciência dos seus atos, suas regras, suas tradições<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>. Conforme Brandão,<br />
O homem – sujeito que produz a cultura – <strong>de</strong>fine-se mais por significá-la como um<br />
ato consciente <strong>de</strong> afirmação <strong>de</strong> si mesmo, senhor do seu trabalho e do mundo que<br />
transforma, do que por simplesmente fazê-la <strong>de</strong> modo material.<br />
[...]<br />
É isto o que torna o homem um “ser histórico”, um ser que não está na história, mas<br />
que a constrói como produto <strong>de</strong> um trabalho e dos significados que atribui, ao fazêlo:<br />
ao mundo, à sua ação e a si mesmo, vistos no espelho <strong>de</strong> sua prática.<br />
(BRANDAO, 1985, p. 22).<br />
Desta forma, enten<strong>de</strong>r as culturas dos jovens moradores <strong>de</strong> Quilombo é tomar como<br />
pressuposto que elas são construídas, reelaboradas, e ressignificadas por seus próprios sujeitos<br />
ao longo <strong>de</strong> suas histórias.<br />
Conceituar cultura não é uma tarefa simples e essa é uma noção que remonta à<br />
antiguida<strong>de</strong> clássica. Rocha e Tosta, explicam <strong>de</strong> forma clara e didática o surgimento e uso<br />
<strong>de</strong>ste conceito nesse período:<br />
Para os romanos, cultura (do latin colere = cultivar) significava o ato <strong>de</strong> cultivar o<br />
espírito (cultura animi). Assim, o cuidado com as plantas e o cultivo da terra<br />
(agricultura), com os <strong>de</strong>uses e o sagrado (culto), estendia-se também às crianças<br />
(peuricultura), no sentido amplo da educação (Paidéia). (ROCHA; TOSTA. 2009,<br />
p. 79).<br />
Na Ida<strong>de</strong> Média, a Igreja Católica utilizou do termo cultura, no sentido <strong>de</strong> formação<br />
das pessoas, educação das almas. A partir do período renascentista tal termo passou a ser<br />
ligado ao conceito <strong>de</strong> civilização. De acordo com Rocha e Tosta,<br />
Inicialmente, o conceito <strong>de</strong> civilização referia-se ao que era “civil” entendido como<br />
or<strong>de</strong>m social composta <strong>de</strong> homens educados e polidos. Mas não <strong>de</strong>morou muito<br />
<strong>para</strong> que o termo civilização passasse também a <strong>de</strong>signar um estágio ou uma etapa<br />
do <strong>de</strong>senvolvimento histórico oci<strong>de</strong>ntal equivalente a progresso. (ROCHA;<br />
TOSTA, 2009, p. 79).<br />
A partir daí, o conceito <strong>de</strong> cultura vai sofrendo mudanças em seus significados e<br />
sentidos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das análises e <strong>de</strong> quem as faz. As culturas dos povos ao longo dos anos<br />
foram e continuam sendo objetos <strong>de</strong> diversos tipos <strong>de</strong> estudos. Para enten<strong>de</strong>rmos o que<br />
significa a cultura <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado grupo é preciso <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado nossas i<strong>de</strong>ologias e<br />
47