dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...
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A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica é construída e preservada em oposição a outras i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, a<br />
outros valores e a outras culturas. Desta forma, tentamos enten<strong>de</strong>r como são constituídas as<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s dos nossos sujeitos, jovens nascidos e moradores <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong><br />
remanescente <strong>de</strong> quilombo, na condição, também, <strong>de</strong> alunos do ensino médio e portadores <strong>de</strong><br />
um percurso <strong>de</strong> escolarização diferenciado, já que a escola que freqüentam não está localizada<br />
em sua comunida<strong>de</strong>, é em outro local, um distrito também rural. Nessa condição são sujeitos<br />
que interagem regularmente com outros colegas, professores e gestores. Em meio a estas<br />
dinâmicas procurei, nesse trabalho, compreen<strong>de</strong>r como ocorrem estes percursos <strong>de</strong><br />
escolarização em seu dia a dia e a relação <strong>de</strong>stes com a construção e percepção <strong>de</strong> uma<br />
possível i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> afro quilombola por parte <strong>de</strong>sses alunos.<br />
Busquei enten<strong>de</strong>r, ainda, se estes jovens alunos se sentiam pertencentes a uma<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica e como ela se forma e se conforma a partir dos contextos que freqüentam.<br />
Não apenas na comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> vivem ou no distrito on<strong>de</strong> freqüentam a escola, como<br />
também das influencias trazidas pelos contatos com outros jovens, com a mídia, a tecnologia<br />
digital etc., ou seja, em meio a uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> culturas, como é possível<br />
pensar numa constituição i<strong>de</strong>ntitária étnico-racial quilombola? E por fim, a partir da<br />
percepção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que esses sujeitos possuem, se a escola exerce algum tipo <strong>de</strong><br />
influência ou contribui <strong>para</strong> isto e como?<br />
7.5.1 – Os sujeitos e suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />
Algumas vezes pensava que eu não conseguiria respon<strong>de</strong>r aos problemas propostos.<br />
Meu ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> campo já estava quase sem páginas em branco e eu ainda não havia<br />
conseguido as respostas, ou não conseguia, ainda, enten<strong>de</strong>r com clareza a realida<strong>de</strong> que<br />
observava. Nesta busca, juntamente com a orientadora, <strong>de</strong>cidimos pedir aos alunos que<br />
escrevessem um pequeno memorial sobre suas vidas, o foco principal seria enten<strong>de</strong>r através<br />
das redações um pouco do “estilo <strong>de</strong> vida” que cada um possuía, já que o “estilo <strong>de</strong> vida”,<br />
segundo Bourdieu, são as posições diversas que as pessoas assumem num contexto social.<br />
Segundo ele,<br />
O estilo <strong>de</strong> vida é um conjunto unitário <strong>de</strong> preferências distintivas que exprimem,<br />
na lógica específica <strong>de</strong> cada um dos subespaços simbólicos, mobília, vestimentas,<br />
linguagem ou hexis corporal, a mesma intenção expressiva, princípio da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
estilo que se entrega diretamente à intuição e que a análise <strong>de</strong>strói ao recortá-lo em<br />
universos se<strong>para</strong>dos. (1983, p. 83-84)