dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

caprichavam tanto na produção de seus visuais. Para corroborar e afirmar esta nossa ideia, diz
DaMatta que, “a roupa e a preocupação com a aparência, sobretudo no ato de ir (ou estar) na
rua, demonstram que se deseja colocar uma etiqueta social no corpo, como um sinal contra o
anonimato” (1983, p. 93-94), assim, a troca do uniforme que iguala a todos por roupas
coloridas e diferentes é uma maneira de sair do anonimato. Como já dissemos, de ser visto, de
ser percebido pelos outros, por isso as idas e vindas até a praça. Os meninos ficavam mais
parados, conversavam em grupinhos, riam e brincavam uns com os outros. Todos aguardavam
a festa começar.
No refeitório o auxiliar de secretaria ligava o som com alguns alunos. Estes traziam
cd’s e pen-drives para localizar músicas. As meninas que iam apresentar coreografias se
arrumavam em uma sala reservada. O portão aberto permitia a entrada das pessoas da
comunidade para assistir e participar da festa. Cadeiras foram colocadas ao redor do pátio
para que os visitantes pudessem se assentar. Alunos dos turnos da manhã e da tarde
compareceram. Os meninos ficavam alvoroçados quando as meninas dos outros turnos
passavam. Alguns se arriscavam a cumprimentá-las, outros as observavam sem nada dizer.
Renato estava de mãos dadas com sua namorada, os dois conversavam baixinho num canto do
pátio.
Segundo os alunos, momentos como este, de festa na escola, deveriam ocorrer mais
vezes. Como já foi dito oportunidade para divertirem-se e estreitar laços amorosos ou somente
laços de amizade. Ao aproximar-me do grupo de alunos do primeiro ano, percebi que Ana
Paula não estava presente, perguntei aos seus colegas e eles confirmaram que ela não havia
vindo, mas não souberam explicar direito o motivo, Renato acredita que é porque estava com
nuvens bem carregadas quando saíram do Quilombo. Talvez o medo da chuva e dos
problemas que ela traz na estrada justifique a ausência de Ana Paula e de outros alunos que
também não compareceram, como por exemplo, os da Comunidade Santo Izidoro. Andrelina
e Ney assistiam a movimentação com entusiasmo.
O som foi ligado com músicas variadas, desde pagode até sertanejo. Os alunos e
convidados foram se ajuntando no pátio. A festa iria começar. A diretora deu boas vindas aos
alunos e visitantes, anunciando que aquele “I Carnaval na escola” seria seguido de vários
outros. Convidou a vice-diretora para coordenar as apresentações das alunas e sentou-se no
refeitório para poder assisti-las. O primeiro grupo de meninas a se apresentar era composto
de alunas da noite e do turno vespertino. Elas mostraram uma coreografia com música da
cantora Shakira. A segunda apresentação contou com alunas apenas do terceiro turno, elas
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