dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

1- NOTAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS DA PESQUISA
Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no
meio da travessia. (ROSA, 2011, p. 51)
Nasci e cresci em uma região cujos traços culturais foram sempre um destaque
muito forte na composição de uma identidade local. Minas Novas, uma cidade histórica do
período da mineração, com suas irmandades leigas, Irmandade do Divino Espírito Santo e
Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, bem como suas tradicionais festas, despertaram em
mim o desejo de me formar em História, e trabalhar de alguma forma esses aspectos tão ricos
que fazem parte das culturas do Vale do Jequitinhonha.
Com efeito, terminando a licenciatura em História, no ano de 2004, passei a me
interessar por pesquisa. Especializei-me em História e Cultura Afro-brasileira pela PUC-
Minas em 2007 e elaborei uma monografia sobre a participação e contribuição das mulheres
nas irmandades de negros. O tema foi “A Mulher na Irmandade de Nossa Senhora do Rosário
dos Homens Pretos de Minas Novas: participação e contribuição”. Esta especialização
proporcionou-me novos conhecimentos sobre a trajetória do negro no Brasil, ampliando
aqueles que havia adquirido durante a graduação.
A partir dessa especialização decidi dar continuidade aos estudos, fazendo dessa
vez, o curso de Mestrado. Para tanto cursei primeiramente uma disciplina isolada do
Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-Minas, para saber se queria fazer o
mestrado na área de educação ou na área de história. Então, no ano de 2009 cursei a disciplina
“História das Disciplinas Escolares: natureza e método,” ministrada pela Professora Dr. Maria
Inês Salgado de Souza.
A escolha desta disciplina se deu, primeiramente, pela ementa da linha de pesquisa,
“Educação Escolar: Políticas e Práticas Curriculares, Cotidiano e Cultura”, da qual eu me
identificava e segundo, devido ter sido ofertada na segunda-feira, o que viabilizou minha
participação, pois, na época, morava na cidade de Novo Cruzeiro – MG, há mais de 500 km
de Belo Horizonte. Assim negociei minha folga na escola neste dia e durante o curso, eu saía
de Novo Cruzeiro no domingo à noite e chegava à Belo Horizonte na segunda-feira as
05h00min da manhã. Assistia às aulas no período da tarde e retornava para Novo Cruzeiro no
mesmo dia à noite, de forma que quando chegava à minha cidade, ia diretamente para a
escola, para as aulas de terça-feira, no primeiro horário da manhã.
O investimento foi pesado, intenso e dispendioso, já que o Estado não concede
licença para professores cursarem disciplinas isoladas. No entanto, o esforço valeu à pena.
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