dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...
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observando atentamente o que se passa. Os ônibus permanecem na praça por alguns minutos<br />
<strong>para</strong> que os passageiros possam <strong>de</strong>scer e <strong>de</strong>scarregar as bagagens e encomendas. Em seguida<br />
os veículos se dirigem aos locais on<strong>de</strong> ficam estacionados <strong>para</strong> serem novamente usados no<br />
dia seguinte, <strong>de</strong>ixando a praça livre <strong>para</strong> a chegada e saída dos escolares – micro-onibus e<br />
ônibus.<br />
As meninas ficam eufóricas, conversam baixinho, até mesmo cochichando,<br />
principalmente quando um moço que não é do lugar, que não é conhecido, ou seja, um<br />
estranho <strong>para</strong> elas, chega em um dos ônibus. Mas, no geral, qualquer pessoa assim que chega<br />
em Ribeirão, é observada, é como se elas se perguntassem assim: Quem é? De on<strong>de</strong> vem?<br />
Fazer o que?<br />
Neste dia alguns rostos eram <strong>para</strong> mim conhecidos, outros não. Eu mesma, conhecida<br />
ou não, fui observada. Mesmo meus pais morando em Ribeirão há mais <strong>de</strong> 30 anos, <strong>para</strong><br />
algumas crianças, adolescentes, jovens e até alguns adultos que estavam na praça, era como<br />
se eu não fosse filha do lugar. Era uma <strong>de</strong>sconhecida. Consi<strong>de</strong>rei normal, pois, há<br />
aproximadamente quinze anos que não moro mais no lugar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997.<br />
O povoado cresceu bastante, tanto no número <strong>de</strong> casas, como no <strong>de</strong> moradores. Virou<br />
Distrito. Vieram pessoas <strong>de</strong> outros lugares morar no lugar. Agora Ribeirão possui uma<br />
empresa <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> granito: a Minas Elevar. É <strong>de</strong> outro Estado, do Espírito Santo. Com a<br />
empresa vieram muitos trabalhadores, já especializados nesse tipo <strong>de</strong> serviço. Mas a empresa<br />
gerou vários empregos <strong>para</strong> pessoas do lugar também. Dessa forma, diminuiu a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
pais <strong>de</strong> família que, são obrigados a migrarem <strong>para</strong> os cortes <strong>de</strong> cana, no interior <strong>de</strong> São<br />
Paulo principalmente, ficando por lá aproximadamente oito meses por ano. Ao estudar<br />
comunida<strong>de</strong>s rurais tradicionais em regiões <strong>de</strong> Minas Gerais e Bahia e contingentes <strong>de</strong>stas na<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, Eunice Durham diz que<br />
o <strong>de</strong>slocamento da população rural se dá das regiões economicamente mais<br />
atrasadas <strong>para</strong> as mais prósperas e se apresenta, em gran<strong>de</strong> parte, como uma<br />
transferência <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra <strong>para</strong> sistemas econômicos mais produtivos. [...] O<br />
trabalhador abandona a zona rural quando percebe que “não po<strong>de</strong> melhorar <strong>de</strong><br />
vida”, isto é, que a sua miséria é uma condição permanente. (1984, p. 95; 113)<br />
Pensando com a autora, ressaltamos, então, que, quando o individuo encontra<br />
condições <strong>para</strong> se sustentar no local aon<strong>de</strong> mora, ele não irá se <strong>de</strong>slocar <strong>para</strong> regiões <strong>de</strong> maior<br />
prosperida<strong>de</strong>. Segundo o dono da pedreira, que se mudou <strong>de</strong>finitivamente com a família <strong>para</strong><br />
Ribeirão da Folha, o número <strong>de</strong> empregos diretos, oferecidos <strong>para</strong> pessoas do lugar, com<br />
carteira assinada, foi <strong>de</strong> aproximadamente <strong>de</strong>z. No entanto, empregos indiretos também<br />
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