dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...
dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...
dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
146<br />
Ribeirão da Folha visita a comunida<strong>de</strong> uma vez por semana. Os casos mais simples são<br />
tratados por ela mesma, os mais complexos são encaminhados <strong>para</strong> a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Minas Novas.<br />
Segundo o CEDEFES, do total <strong>de</strong> 180 comunida<strong>de</strong>s estudadas em Minas Gerais,<br />
alguns dados não pu<strong>de</strong>ram ser verificados em todas elas, assim, segundo o órgão, <strong>de</strong> 150<br />
comunida<strong>de</strong>s analisadas, apenas 76 possuíam energia elétrica em 2006. (2008, p.57). A<br />
chegada da energia elétrica no Quilombo, foi há cinco anos, e trouxe benefícios <strong>para</strong> a vida<br />
dos moradores, pois, hoje em dia todos possuem TV, antenas <strong>para</strong>bólicas e rádios, e, a<br />
maioria possui outros eletrodomésticos, como por exemplo, gela<strong>de</strong>ira e liquidificador.<br />
A comunida<strong>de</strong> recebe a transmissão do sinal das rádios FM, “Bom Sucesso” <strong>de</strong> Minas<br />
Novas, e “Aranãs” <strong>de</strong> Capelinha, além <strong>de</strong> inúmeras outras rádios AM que são ouvidas, como<br />
a Rádio Inconfidência. Uma das casas da comunida<strong>de</strong> possui uma torre <strong>de</strong> celular rural,<br />
provavelmente adquirida com o dinheiro dos cortes <strong>de</strong> cana. No entanto, é particular, <strong>de</strong> uso<br />
exclusivo daquele morador.<br />
De acordo, José <strong>de</strong> Souza Martins, são sinais da presença do urbano no rural, segundo<br />
ele, “o urbano está no rural, <strong>de</strong> muitos modos: o rádio, o carro, a antena <strong>para</strong>bólica, o avião.”<br />
(2008, p. 150). E <strong>de</strong> acordo com Canclini, “a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> não é só um espaço ou um estado<br />
no qual se entre ou do qual se emigre. É uma condição que nos envolve, nas cida<strong>de</strong>s e no<br />
campo, nas metrópoles e nos países sub<strong>de</strong>senvolvidos.” (1997, p. 356). Assim, pensando<br />
como os autores acima, a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Quilombo está inserida nesta mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, ao<br />
contrário do que algumas pessoas supõem, por ser uma comunida<strong>de</strong> quilombola, não se<br />
encontra em total isolamento.<br />
Apesar da preservação dos costumes e tradições, se encontra em diálogo constante<br />
com a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e faz uso do que é possível, <strong>de</strong>sta mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, <strong>para</strong> continuar<br />
sobrevivendo. Usa-se, por exemplo, carros e motocicletas, mas não se abandonou o uso <strong>de</strong><br />
carroças e animais, tanto <strong>para</strong> montaria, quanto <strong>para</strong> o transporte <strong>de</strong> cargas diversas. Usa-se o<br />
telefone celular nos altos, on<strong>de</strong> o sinal é alcançado, e naquela residência que já citamos, mas<br />
não se abandonou o uso <strong>de</strong> recados orais, ou escritos em pequenos bilhetes, e até mesmo as<br />
cartas, que são constantemente trocadas entre parentes distantes. No entanto, apesar <strong>de</strong> toda a<br />
mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> presente na socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira geral, a comunida<strong>de</strong> ainda luta <strong>para</strong> conseguir<br />
a instalação <strong>de</strong> um telefone público e <strong>de</strong> um posto <strong>de</strong> correio. Geralmente os moradores<br />
fornecem en<strong>de</strong>reços <strong>de</strong> parentes que moram nas cida<strong>de</strong>s, ou o en<strong>de</strong>reço do Sindicato <strong>de</strong><br />
Trabalhadores Rurais em Minas Novas, <strong>para</strong> que a correspondência possa ser entregue.<br />
A comunida<strong>de</strong> não conta com nenhuma “linha” <strong>de</strong> ônibus <strong>para</strong> as cida<strong>de</strong>s. Para ter<br />
acesso a estes transportes, os moradores precisam andar cerca <strong>de</strong> cinco quilômetros <strong>para</strong>