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2 - MINAS NOVAS, CIDADE DAS “MUITAS MINAS E DE NEGROS”<br />
Sertão. Sabe o senhor: sertão é on<strong>de</strong> o pensamento da gente se forma mais forte do<br />
que o po<strong>de</strong>r do lugar. Viver é muito perigoso... (ROSA, p. 41).<br />
Mesmo sendo historiadora <strong>de</strong> formação, não tenho aqui a pretensão <strong>de</strong> escrever a<br />
história <strong>de</strong> Minas Novas, isso resultaria em outra pesquisa, com outros objetivos, com<br />
metodologia e técnicas apropriadas <strong>para</strong> esse fim. Além disso, o curto espaço <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong><br />
dois anos do mestrado é insuficiente <strong>para</strong> uma empreitada como essa.<br />
Contudo, dialogando sempre com a História, ciência <strong>de</strong> muita importância <strong>para</strong> a<br />
realização <strong>de</strong> qualquer pesquisa, especialmente esta, em que a opção foi pela associação dos<br />
recortes sincrônico e diacrônico, ou seja, a busca no passado dos elementos que persistem e<br />
po<strong>de</strong>m explicar o presente. Presente este no qual nos propusemos mostrar como o negro<br />
esteve e está presente ao longo da história <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong>. Cida<strong>de</strong> esta, que já possuiu sobre seu<br />
domínio ¼ <strong>de</strong> todo o território mineiro e, que teve importância fundamental <strong>para</strong> o surgimento<br />
<strong>de</strong> outras cida<strong>de</strong>s no sertão das Minas, no Vale do Jequitinhonha. Aspectos <strong>de</strong>ssa história não<br />
po<strong>de</strong>riam passar <strong>de</strong>spercebidos na medida em que os locais <strong>de</strong>sta pesquisa, Quilombo e<br />
distrito <strong>de</strong> Ribeirão da Folha, estão em seus domínios e, neste último, a escola on<strong>de</strong> encontrei<br />
e dialoguei com os jovens sujeitos <strong>de</strong>ssa investigação.<br />
2.1 – Notas sobre a história <strong>de</strong> Minas Novas<br />
Foi por volta do ano <strong>de</strong> 1727, que um grupo <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>irantes paulistas foi enviado <strong>para</strong><br />
a região do nor<strong>de</strong>ste da Capitania <strong>de</strong> Minas por Brás Esteves, ban<strong>de</strong>irante conhecido por boas<br />
<strong>de</strong>scobertas auríferas, mas que se encontrava doente, impossibilitando que ele mesmo<br />
chefiasse a ban<strong>de</strong>ira. Brás confiou sua ban<strong>de</strong>ira a um grupo <strong>de</strong> paulistas, chefiado por<br />
Sebastião Leme do Prado, que, seguindo orientações do experiente ban<strong>de</strong>irante rumaram em<br />
direção ao nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Minas. Cruzaram o Rio Araçuaí e seguiram em direção ao<br />
Itamarandiba, até que no mês <strong>de</strong> junho daquele ano chegaram à cabeceira do Rio Fanado<br />
(MATOS, 1979, p. 164). Sobre a origem do termo fanado, segundo Raimundo José da Cunha<br />
Matos, foi <strong>de</strong>vido a “falhas ou quebras nos filões, betas ou pintas <strong>de</strong> ouro. Estas falhas, ou<br />
intervalos, em que não havia ouro, <strong>de</strong>u origem à palavra fanado” (1979, p. 164).<br />
Não encontraram gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouro no Rio Fanado, mas subindo por um<br />
córrego, seu afluente, encontraram o metal em maior quantida<strong>de</strong>, e, <strong>de</strong>ram a este o nome <strong>de</strong><br />
Bom Sucesso do Fanado, e próximo levantando barracas em suas proximida<strong>de</strong>s. O pequeno