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dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

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Este silenciamento das escolas em relação às temáticas que envolvem as populações<br />

negras em geral, e as populações remanescentes <strong>de</strong> quilombo, em particular, po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rado, sim, uma forma <strong>de</strong> preconceito e discriminação <strong>para</strong> com tais segmentos.<br />

Segundo Luiz Alberto Gonçalves, o ritual pedagógico que exclui tais temáticas dos seus<br />

cotidianos, se “legitima na instituição escolar, não por aquilo que é dito, mas por tudo aquilo<br />

que silencia” (1987, p. 27). Neste caso, po<strong>de</strong>mos dizer que a escola pesquisada possui um<br />

ritual pedagógico que silencia a diversida<strong>de</strong> das culturas <strong>de</strong> seus alunos, bem como <strong>de</strong> suas<br />

comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> origem.<br />

7.4 – Educação e relações étnico-raciais<br />

Num país <strong>de</strong> múltiplas diversida<strong>de</strong>s étnicas, como o Brasil, é impensável falar ou<br />

escrever sobre qualquer aspecto cultural, como a educação, por exemplo, sem discutir as<br />

relações étnico-raciais. Mais relevante se torna tal assunto neste trabalho, pois o mesmo<br />

discute constituições i<strong>de</strong>ntitárias <strong>de</strong> jovens remanescentes <strong>de</strong> quilombo, em um município <strong>de</strong><br />

população majoritariamente afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte. Desta forma, é indispensável enten<strong>de</strong>rmos a<br />

origem e a aplicação do termo raça ao longo dos séculos, <strong>para</strong> tanto, transcrevemos abaixo a<br />

explicação <strong>de</strong> Munanga:<br />

233<br />

Etmologicamente, o conceito <strong>de</strong> raça veio do italiano razza, que por sua vez veio<br />

do latim ratio, que significa sorte, categoria, espécie. Na história das ciências<br />

naturais, o conceito <strong>de</strong> raça foi primeiramente usado na Zoologia e na Botânica<br />

<strong>para</strong> classificar as espécies animais e vegetais. [...].<br />

No latim medieval, o conceito <strong>de</strong> raça passou a <strong>de</strong>signar a <strong>de</strong>scendência, a<br />

linhagem, ou seja, um grupo <strong>de</strong> pessoa que têm um ancestral comum e que, ipso<br />

facto, possuem algumas características físicas em comum.<br />

Nos séculos XVI-XVII, o conceito <strong>de</strong> raça passa efetivamente a atuar nas relações<br />

entre classes sociais da França da época, pois utilizado pela nobreza local que si<br />

i<strong>de</strong>ntificava com os Francos, <strong>de</strong> origem germânica em oposição ao Gauleses,<br />

população local i<strong>de</strong>ntificada com a Plebe. [...].Percebe-se como o conceito <strong>de</strong> raças<br />

“puras” foi transportado da Botânica e da Zoologia <strong>para</strong> legitimar as relações <strong>de</strong><br />

dominação e <strong>de</strong> sujeição entre classes sociais (Nobreza e Plebe), sem que<br />

houvessem diferenças morfo-biológicas notáveis entre os indivíduos pertencentes a<br />

ambas as classes.[...]<br />

No século XVIII, a cor da pele foi consi<strong>de</strong>rada como um critério fundamental e<br />

divisor d’água entre as chamadas raças. Por isso, que a espécie humana ficou<br />

dividida em três raças estancas que resistem até hoje no imaginário coletiva e na<br />

terminologia científica: raça branca, negra e amarela.[...]<br />

No século XIX, acrescentou-se ao critério da cor outros critérios morfológicos<br />

como a forma do nariz, dos lábios, do queixo, do formato do crânio, o angulo<br />

facial, etc. <strong>para</strong> aperfeiçoar a classificação.[...]. (2003, p.2-3).

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