dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...
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A noção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é antiga e seu pouco uso até as últimas décadas ocorreu,<br />
principalmente, nos campos da Filosofia e da Psicologia. Mais tar<strong>de</strong> é que ela será<br />
convocada por antropólogos e sociólogos, sendo associada pelos primeiros,<br />
principalmente, à noção <strong>de</strong> etnia <strong>para</strong> subsidiar e fomentar os <strong>de</strong>bates sobre<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica. (2011, p. 425).<br />
A autora ressalta ainda que, a noção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> na antropologia, que tem por objeto<br />
o ser humano e suas relações sociais e culturais, está ligada aos estudos <strong>de</strong> etnia<br />
<strong>de</strong>senvolvidos por Fredrik Barth (2011, p. 425), a partir dos quais, outros antropólogos<br />
também <strong>de</strong>ram início aos estudos ligados à formação/afirmação das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s.<br />
De acordo com Berger & Luckmann, 1971, citados por Oliveira, “i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é um<br />
fenômeno que emerge da dialética entre indivíduo e socieda<strong>de</strong>”, assim, “uma vez cristalizada<br />
é mantida, modificada ou, mesmo, remo<strong>de</strong>lada pelas relações sociais” (1976, p. 43-44). O<br />
meio social que o individuo freqüenta influencia <strong>de</strong>cisivamente na formação e preservação <strong>de</strong><br />
sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Desta forma, as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s dos indivíduos são formadas, conformadas ou<br />
modificadas em diferentes espaços: no espaço familiar, na comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> ele vive, nos<br />
lugares on<strong>de</strong> freqüenta, na escola on<strong>de</strong> estuda, enfim, nas teias <strong>de</strong> relações que são tecidas<br />
cotidianamente.<br />
Nestes espaços acontece uma circulação <strong>de</strong> culturas, que segundo Brandão, são<br />
orientadoras “<strong>de</strong> condutas sociais em todas as esferas e campos da vida cotidiana” (1996, p.<br />
54-55). Brandão trabalha com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que toda a cultura é a cultura <strong>de</strong> um contexto. Assim<br />
diz ele:<br />
Ela é, vimos, o contexto da trama <strong>de</strong> significados que tornam viáveis condutas que<br />
resultam em transações sociais e simbólicas e que, ao mesmo tempo, tornam<br />
transparentes <strong>para</strong> seus sujeitos a or<strong>de</strong>m e o sentido <strong>de</strong> sua conduta e <strong>de</strong> suas<br />
transações, em qualquer dimensão em que elas se processam. Isto em cada um dos<br />
lugares específicos on<strong>de</strong> pessoas se relacionam como sujeitos sociais e sujeitos <strong>de</strong><br />
significações. Toda cultura é, portanto, a cultura <strong>de</strong> um contexto. É, melhor ainda,<br />
um contexto <strong>de</strong> relações sociais e simbólicas como cultura. (1996, p. 56).<br />
Desta forma, as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um sujeito ou grupo são moldadas/remo<strong>de</strong>ladas ou<br />
conformadas em um contexto cultural. Em lugares on<strong>de</strong> acontecem as<br />
interações/relacionamentos entre as pessoas. Sobre as constituições i<strong>de</strong>ntitárias, o jamaicano<br />
Stuart Hall salienta que,<br />
É <strong>de</strong>finida historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />
diferentes em diferentes momentos, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s que não são unificadas ao redor <strong>de</strong><br />
um “eu” coerente. Dentro <strong>de</strong> nós há i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s contraditórias, empurrando em<br />
diferentes direções, <strong>de</strong> tal modo que nossas i<strong>de</strong>ntificações estão sendo<br />
continuamente <strong>de</strong>slocadas. (2005, p. 12-13)