dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...
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Para Poutignat e Streiff-Fernart as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser modificadas <strong>de</strong> acordo com a<br />
situação em que o sujeito se encontra:<br />
<strong>de</strong> acordo com as situações nas quais ele se localiza e as pessoas com quem<br />
interage, um indivíduo po<strong>de</strong>rá assumir uma ou outra das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s que lhes são<br />
disponíveis, pois o contexto particular no qual ele se encontra <strong>de</strong>termina as<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e as fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>s apropriadas num dado momento. (POUTIGNAT;<br />
STREIFF-FERNART. 1998, p. 166).<br />
Essa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser modificadas <strong>de</strong> acordo com o contexto é<br />
aceita também por Hall (2005). Para ele, “as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas estão sendo<br />
“<strong>de</strong>scentradas”, isto é, <strong>de</strong>slocadas ou fragmentadas”, e, <strong>de</strong> acordo com ele a globalização é um<br />
fenômeno que contribui <strong>para</strong> essa fragmentação das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s (2005, p.8).<br />
Um tipo diferente <strong>de</strong> mudança estrutural está transformando as socieda<strong>de</strong>s<br />
mo<strong>de</strong>rnas no final do século XX. Isso está fragmentando as paisagens culturais <strong>de</strong><br />
classe, gênero, sexualida<strong>de</strong>, etnia, raça e nacionalida<strong>de</strong>, que, no passado, nos<br />
tinham fornecido sólidas localizações como indivíduos sociais. Estas<br />
transformações estão também mudando nossas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s pessoais, abalando a<br />
idéia que temos <strong>de</strong> nós próprios como sujeitos integrados. Esta perda <strong>de</strong> um<br />
“sentido <strong>de</strong> si” estável é chamada, algumas vezes, <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento ou <strong>de</strong>scentração<br />
do sujeito. (HALL, 2005, p. 9).<br />
O sujeito, previamente vivido como tendo uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> unificada e estável, está<br />
se tornando fragmentado; composto não <strong>de</strong> uma única, mas <strong>de</strong> várias i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s,<br />
algumas vezes contraditórias ou não-resolvidas. (HALL, 2005, p.12).<br />
Po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r então com “perda <strong>de</strong> um sentido <strong>de</strong> si”, que, os sujeitos muitas<br />
vezes não possuem uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> fixa, ele po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o sentido da sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, assim,<br />
passa por uma espécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento ou <strong>de</strong>scentração. As i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s não são estáveis e<br />
nem únicas, o sujeito po<strong>de</strong> ser composto <strong>de</strong> várias i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, estas po<strong>de</strong>m inclusive ser<br />
contraditórias. As i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s estão em constante transformação e construção pelos sujeitos.<br />
A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> torna-se uma “celebração móvel”: formada e transformada<br />
continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou<br />
interpelados nos sistemas culturais que nos ro<strong>de</strong>iam (Hall, 1987). É <strong>de</strong>finida<br />
historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s diferentes em<br />
diferentes momentos, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s que não são unificadas ao redor <strong>de</strong> um “eu”<br />
coerente. Dentro <strong>de</strong> nós há i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s contraditórias, empurrando em diferentes<br />
direções, <strong>de</strong> tal modo que nossas i<strong>de</strong>ntificações estão sendo continuamente<br />
<strong>de</strong>slocadas. Se sentimos que temos uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> unificada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento<br />
até a morte é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou<br />
uma confortadora “narrativa do eu” (veja Hall, 1990). A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> plenamente<br />
unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. (HALL, 2005, p. 12-13).