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dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

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nos horários <strong>de</strong> recreios, intervalos e horários vagos. Desse modo podiam conversar com os<br />

jovens que estavam do lado <strong>de</strong> fora e também observar o movimento da praça.<br />

Entre os alunos que estavam no portão se encontrava Renato. Apresentei-me a eles,<br />

perguntei seus nomes e on<strong>de</strong> moravam. Eles foram gentis, disseram que já sabiam quem eu<br />

era, mas que não entendiam direito o que eu pesquisava na escola. Alguns perguntaram se eu<br />

estava pesquisando a escola <strong>para</strong> liberar verba <strong>para</strong> reforma. Respondi que não era nada disso,<br />

que minha pesquisa era <strong>para</strong> um curso <strong>de</strong> mestrado. Expliquei mais uma vez do que se tratava<br />

o trabalho, a questão das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, as culturas. Um dos alunos respon<strong>de</strong>u brincando “eu<br />

<strong>de</strong>ixo você me pesquisar” 20 (Aluno, 2º ano). Era aluno do 2º ano e morador da Comunida<strong>de</strong><br />

Cabeceiras. Respondi que se tratava <strong>de</strong> uma pesquisa com jovens moradores <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s<br />

remanescentes <strong>de</strong> quilombo e, ele mais que <strong>de</strong>pressa disse: “Minha comunida<strong>de</strong> é<br />

quilombola” 21 . (Aluno, 2º ano).<br />

Eu disse a eles que já havia escolhido uma comunida<strong>de</strong>, que se tratava da Comunida<strong>de</strong><br />

Quilombo. Eles quiseram saber qual o motivo <strong>de</strong>ssa escolha, já que existem várias<br />

comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse tipo em Minas Novas. Respondi que a escolha foi por dois motivos<br />

principais: o primeiro pelo fato do Quilombo <strong>de</strong> ter sido a primeira comunida<strong>de</strong> reconhecida<br />

pela Fundação Cultural Palmares <strong>de</strong>ntro do município <strong>de</strong> Minas Novas. O segundo motivo<br />

pelo fato da Comunida<strong>de</strong> não possuir nenhuma escola, mesmo sendo a primeira a ter sido<br />

reconhecida. Essas características me levaram a escolher essa comunida<strong>de</strong> e não outra.<br />

Expliquei aos alunos que eu estudaria os jovens <strong>de</strong> Quilombo que se <strong>de</strong>slocam todos os<br />

dias <strong>para</strong> po<strong>de</strong>r estudar em outros locais, como em Ribeirão, por exemplo. Logo os alunos<br />

começaram a “zoar” com Renato, por ser ele morador do Quilombo e, consequentemente, um<br />

<strong>de</strong>sses jovens. Naquele momento ele não parecia o mesmo que estava “zoando” com os<br />

colegas na aula <strong>de</strong> educação física. Ficou vermelho! Apenas sorria meio sem graça! Paulo<br />

Henrique <strong>de</strong> Queiroz Nogueira, citado por Andréa Carvalho (2008, p.35), <strong>de</strong>finiu conceitos<br />

<strong>para</strong> explicar grupos <strong>de</strong> alunos, como o CDF 22 , o bagunceiro e o zoador. Que seriam:<br />

CDF aten<strong>de</strong> às regras escolares: estuda, faz suas ativida<strong>de</strong>s, não bagunça. Portanto,<br />

socializa-se bem com a instituição escolar, mas isto dificulta suas relações com os<br />

colegas. Ser bagunceiro significa não respeitar as regras escolares e assim,<br />

atrapalha o andamento das aulas, muitas vezes não sendo bem aceito também pelo<br />

grupo. Já o zoação, que o autor consi<strong>de</strong>ra uma “arte refinada” que exige uma<br />

aprendizagem com os colegas, é mais sutil. O zoador consegue manter uma<br />

20 Dados <strong>de</strong> conversa informal. Pesquisa <strong>de</strong> campo realizada na escola em 10/02/2011.<br />

21 Dados <strong>de</strong> conversa informal. Pesquisa <strong>de</strong> campo realizada na escola em 10/02/2011.<br />

22 Segundo Andréa Carvalho, Nogueira faz referência a Prata (1996, 50) “<strong>para</strong> explicar que o termo origina-se do<br />

fato do aluno ficar o dia inteiro estudando. Vai ficar com a bunda amassada e um ‘cú-<strong>de</strong>-ferro.’.” (2008, p.<br />

35).

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