01.08.2013 Views

dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

7 - EDUCAÇÃO, QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS E AS IDENTIDADES<br />

223<br />

Tem horas que penso que a gente carecia, <strong>de</strong> repente, <strong>de</strong> acordar <strong>de</strong> alguma<br />

espécie <strong>de</strong> encanto. As pessoas, e as coisas, não são <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>! [...] No real da<br />

vida, as coisas acabam com menos formato, nem acabam. Melhor assim. Pelejar<br />

por exato, dá erro contra a gente. Não se queira. Viver é muito perigoso... (ROSA,<br />

2001, p. 100-101).<br />

Neste capitulo trataremos da relação existente entre os sujeitos e a educação; da<br />

relação que é estabelecida entre a escola e as comunida<strong>de</strong>s do seu entorno, bem como com o<br />

distrito <strong>de</strong> Ribeirão da Folha, on<strong>de</strong> ela se localiza; a análise da documentação oficial da escola<br />

e o que ela diz sobre as culturas locais, também será discutida neste capítulo. Discutiremos<br />

também as relações étnico-raciais na escola e o envolvimento dos alunos nesta problemática<br />

e, por fim, traçamos um breve caminho que diz das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s étnico-raciais quilombolas dos<br />

nossos sujeitos.<br />

7.1 – O Sertão, a Chuva e a Educação.<br />

Quando no sertão algumas nuvens encobrem parcialmente o sol <strong>de</strong>ixando o céu mais<br />

escuro o povo comemora. “São Pedro lembrou da gente”; “É uma benção <strong>de</strong> Deus”, dizem<br />

alguns; outros dizem “Nossas penitências não foram em vão”. A chegada da chuva é<br />

celebrada por todos. Para quem nunca viveu numa região seca e semi-árida é difícil enten<strong>de</strong>r a<br />

relação dos sertanejos com a chuva. Mas <strong>para</strong> quem, como eu, já viveu na região <strong>de</strong> Minas<br />

Novas é fácil enten<strong>de</strong>r por ter vivenciado tal situação. Uma região que fica aproximadamente<br />

oito meses sem chover. Clima seco, baixa umida<strong>de</strong> do ar. Córregos e rios quase secos. A<br />

fumaça das carvoarias. Algumas carcaças <strong>de</strong> animais mortos pelas estradas, como cavalos e<br />

vacas, por exemplo. As poucas criações que sobrevivem ficam em pele e osso. A terra dura<br />

<strong>para</strong> ser trabalhada. Pouca coisa nasce. Homens migram por falta <strong>de</strong> trabalho <strong>para</strong> o corte <strong>de</strong><br />

cana. Essa é a imagem do sertão do Jequitinhonha no período da seca. Do sertão <strong>de</strong> Minas<br />

Novas. Do distrito <strong>de</strong> Ribeirão da Folha e comunida<strong>de</strong>s adjacentes.<br />

Quando a chuva chega o clima fica mais úmido. Das nascentes começam a brotar<br />

água. Os córregos e rios reaparecem. Os animais engordam. A terra fica fácil <strong>de</strong> ser<br />

trabalhada. As mulheres recebem seus maridos <strong>de</strong> volta após meses <strong>de</strong> ausência. Deixam <strong>de</strong><br />

ser “viúvas da seca” e passam a ser valentes mulheres na lida ao lado <strong>de</strong> seus maridos.<br />

Roçam, capinam e plantam, esperando uma boa colheita. Barrigas crescem. Novas vidas vão<br />

nascer no sertão. O sertão renasce. A esperança brota com as plantas. Essa é a imagem do

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!