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dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

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134<br />

Subindo e <strong>de</strong>scendo morros, por entre estradas <strong>de</strong> terra que mais pareciam labirintos,<br />

passando pela vegetação do cerrado, plantações <strong>de</strong> café, pastagens, até entrar nas armadilhas<br />

dos eucaliptos. Digo armadilhas, pois os caminhos, as encruzilhadas, ficam tão parecidos<br />

quando estamos passando por entre a plantação, que me pareceu impossível alguém que não<br />

conheça a região chegar ao Quilombo sem se per<strong>de</strong>r. Além do que o frio que eu sentia na<br />

garupa da moto 35 que me levava – a mata <strong>de</strong> eucaliptos se fecha aos raios <strong>de</strong> sol - se<br />

confundia com um frio interior que eu sentia rumo ao <strong>de</strong>sconhecido.<br />

Naquele momento eu não sabia o que iria encontrar e também não sabia exatamente o<br />

que eu iria procurar. Apesar dos meus problemas <strong>de</strong> pesquisa e objetivos já estarem bem<br />

<strong>de</strong>marcados, ainda tinha dúvidas quanto a eles. Assim, todas essas dúvidas provocaram em<br />

mim certo receio, posso dizer que, até mesmo, certo medo. Medo do primeiro olhar! Da<br />

primeira impressão! Não da minha primeira impressão em relação às pessoas da comunida<strong>de</strong>,<br />

mas <strong>de</strong>las em relação a mim, enquanto pessoa e pesquisadora. Pessoa até então, <strong>de</strong> certo<br />

modo, estranha <strong>para</strong> eles.<br />

Foi com todas essas apreensões que avistei após quase uma hora e meia <strong>de</strong> estrada e<br />

poeira, as primeiras casas da comunida<strong>de</strong>. Estas, em sua maioria, ficam distantes umas das<br />

outras. Umas são <strong>de</strong> alvenaria, construções recentes, provavelmente feitas com dinheiro do<br />

sofrido trabalho nas carvoarias, cafezais, ou do corte <strong>de</strong> cana no interior <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Outras, a maioria, é feita <strong>de</strong> barro batido e ma<strong>de</strong>ira.<br />

35 Foi esse o transporte que eu encontrei <strong>para</strong> me levar ao Quilombo. Uma moto CG Titan, sua cor vermelha se<br />

confundia com a poeira, também vermelha das estradas. Um professor <strong>de</strong> geografia da Escola Estadual <strong>de</strong><br />

Ribeirão da Folha foi quem me levou. Durante o percurso conversávamos sobre a situação <strong>de</strong> abandono das<br />

estradas. Ele me dizia como a Prefeitura era omissa em relação a esse aspecto tão essencial <strong>para</strong> a vida das<br />

pessoas que moram na zona rural, principalmente <strong>para</strong> os alunos que precisam ser transportados até a escola,<br />

como por exemplo, os alunos do Quilombo, que estudam em Ribeirão da Folha. Ele me disse que quando<br />

chove é pior ainda, neste caso os ônibus escolares <strong>para</strong>m com o transporte, prejudicando os alunos, que<br />

per<strong>de</strong>m as aulas. Muitos, vão <strong>de</strong> moto, correndo risco <strong>de</strong> caírem e se machucarem durante o percurso,<br />

<strong>de</strong>ixando em casa, pais e mães preocupados. Outros, sem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> possuírem uma moto, acabam<br />

mesmo per<strong>de</strong>ndo as aulas. Essa situação, muitas vezes, faz com que muitos alunos abandonem a escola cada<br />

vez mais cedo.

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