dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

Bom Jesus. De frente e a direita da igreja, fica localizada a manufatura de farinha, das vezes
que estive na comunidade não tive sorte de achar alguém fazendo uso do local, no entanto,
segundo dona Maria,
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tudo vem dos antepassados, agente acorda de madrugada, pra dar conta do serviço
todo, casca e rala a mandioca e passa na prensa, aí coloca pra escorrer de um dia
pro outro e depois nós torra nesses fogões aqui... nossa farinha é gostosa demais.
Agente vende muito, tem gente que manda encomendar de longe. (Dona Maria,
moradora) 43 .
Pelo que eu pude perceber no local, ou seja, pelas características dos equipamentos, tudo é
feito de forma artesanal e trabalhoso. Ainda de frente a igreja, mas do lado esquerdo, fica
localizado um banheiro público, segundo sr. Vicente “juntou todo mundo, com ajuda da
prefeitura pra fazer... serve pros dias de culto, missa e festa. É pro povo de fora usar”. (Sr.
Vicente, Morador). 44
É comum alguns moradores trabalharem em fazendas de eucalipto ou de café na
região, outros migrarem para regiões do sul de Minas, interior de São Paulo, ou mesmo as
capitais, em busca de melhores condições de trabalho e renda. Mas, mesmo com estas
ocupações e ausências, os moradores que permanecem na comunidade se dedicam à
agricultura familiar e criam alguns animais, como vacas, porcos e galinhas. Raphael
Fernando Diniz, ao realizar um trabalho sobre a cafeicultura quilombola na região das
comunidades Quilombo e Santiago, verificou que uma parte do que é cultivado e ou
produzido na comunidade, como por exemplo, feijão, milho, amendoim, mandioca, farinha
de mandioca, abóbora, cana, café e doces caseiros é consumida pelas próprias famílias, sendo
que, uma parte, é vendida nas feiras, aos sábados, em Minas Novas ou Capelinha. Segundo
ele, “o dinheiro obtido através da venda destes cultivos representa relevante significado para
a renda familiar quilombola, sendo destinado a diversos fins, como gastos com compras no
supermercado, roupas, calçados, energia elétrica, dentre outros”. (2010, p. 72).
Dentre as 180 comunidades quilombolas estudadas pela equipe do CEDEFES, em
2006 e 2007, em Minas Gerais, o órgão verificou que “o saneamento básico (considerando
tratamento de água, captação e tratamento de esgoto e coleta de lixo) é quase inexistente
nessas comunidades”, (2008, p. 55), dentre elas, a comunidade Quilombo. Esta, como pude
verificar, não possui água tratada, nem rede de esgoto; a água consumida vem de pequenas
nascentes e é encanada até as casas. Não existe posto de saúde, a enfermeira do distrito de
43 Dados da conversa informal. Pesquisa de campo realizada no Quilombo em 27/08/2011.
44 Dados da conversa informal. Pesquisa de campo realizada no Quilombo em 27/08/2011.