dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...
dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...
dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
160<br />
sujeitos <strong>de</strong>ssa pesquisa, Ney. Eles ajudavam nos serviços mais pesados, como a cobertura das<br />
fornalhas com folhas <strong>de</strong> palmeiras <strong>para</strong> evitar sol forte e vento nas mulheres que pre<strong>para</strong>m as<br />
comidas. Dona Maria disse-me que todos da comunida<strong>de</strong> colaboram, no entanto, dos jovens,<br />
Ney é um dos que mais contribuem. “Ajuda em tudo que po<strong>de</strong>. É só gritá que ele<br />
vem!”.(Dona Maria, moradora). 53 Sobre esse auxílio à comunida<strong>de</strong>, diz Ney em seu<br />
memorial:<br />
Aqui na comunida<strong>de</strong> [...] tem uma festa religiosa que é feita em agosto, tem vários<br />
tipos <strong>de</strong> trabalho, trabalho comunitário, trabalho vizinho e entre outros... gostam<br />
muito <strong>de</strong> fazer suas orações, reunidos ou cada um em sua casa com sua família,<br />
gosto <strong>de</strong> compartilhar com os vizinhos, nos trabalhos comunitários entre outros.<br />
(Ney, 18 anos). 54<br />
Passado certo tempo <strong>de</strong> nossa chegada na casa <strong>de</strong> dona Maria, Ney também apareceu<br />
por lá, foi nos cumprimentar e ver se a festeira precisava <strong>de</strong> alguma ajuda. Disse-nos que<br />
estava preocupado, pois pensou que estávamos perdidas. Reclamou <strong>de</strong>vido a nossa <strong>de</strong>mora<br />
em chegar, “<strong>de</strong>veriam ter vindo mais cedo”, 55 disse ele. Expliquei a ele que viemos <strong>de</strong>vagar e<br />
que já estávamos a algum tempo na comunida<strong>de</strong>, havíamos passado na casa do sr. Marciano.<br />
Ele nos disse que precisava ir até a Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santiago, mas que logo voltaria e nos<br />
convidou <strong>para</strong> ir até sua casa a noite.<br />
Ao terminar <strong>de</strong> pre<strong>para</strong>r as carnes <strong>de</strong> boi e porco, d. Maria com a ajuda das outras<br />
mulheres, temperou todos os frangos. Ela nos disse que quando as carnes, inclusive as <strong>de</strong><br />
frango, permanecem por mais tempo no tempero, elas ficam mais saborosas. Além do que, no<br />
dia seguinte teriam o trabalho apenas <strong>de</strong> assá-los. Com todo o serviço adiantado, já <strong>de</strong> noite,<br />
fomos então fazer uma visita ao Ney e sua família.<br />
4.4 – Noite <strong>de</strong> visita informal<br />
Já era noite, estava escuro. Como a rua do Quilombo não possui iluminação pública,<br />
precisamos utilizar uma lanterna <strong>para</strong> po<strong>de</strong>rmos chegar até a casa <strong>de</strong> Ney. Eu já sabia <strong>de</strong>ssa<br />
dificulda<strong>de</strong> dos moradores, por isso, levei na minha bagagem uma lanterna. Geralmente os<br />
moradores utilizam um lampião a querosene quando precisam se <strong>de</strong>slocar durante a noite, no<br />
entanto, alguns também utilizam lanternas. Ney e sua família moram há uns quatrocentos<br />
53<br />
Dados da conversa informal. Pesquisa <strong>de</strong> campo realizada no Quilombo em 27/08/2011.<br />
54<br />
Dados do memorial. Maio, 2011.<br />
55<br />
Dados da conversa informal. Pesquisa <strong>de</strong> campo realizada no Quilombo em 27/08/2011.