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A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Minas Novas, ou
simplesmente, “Irmandade do Rosário” faz sua festa todo ano no mês de junho, preservando
os costumes e tradições dos primeiros confrades. A Festa do Rosário, em seus ritos, ressalta a
presença do negro e sua religiosidade ao longo da história de Minas Novas, uma vez que a
mesma, como já dissemos, é a expressão máxima da preservação da cultura afro-brasileira
em todo o município.
2.3.2 – A Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Minas Novas
No mês de junho de 2011 tive a oportunidade de participar, mais uma vez, da “Festa
do Rosário” em Minas Novas. Por ter sido moradora do município já havia participado em
outras oportunidades, inclusive para a realização de trabalhos já citados nessa dissertação. No
entanto, a cada ano, sinto-me como se fosse a primeira vez, conheço mais pessoas que a
procuram como uma forma de turismo, encontro e reencontro pessoas que há muito tempo
não via. As pessoas demonstram mais fé, o que se pode perceber na grande quantidade de
fiéis que pagam algum tipo de promessa feita à Santa. Assim, devido a importância desta
Festa, a qual está diretamente ligada à nossa problemática de pesquisa, a questão da
identidade de jovens, descreveremos brevemente os rituais da mesma. É uma maneira de
mostrar os modos como identidades revelam aspectos da tradição e da modernidade, sem
pensar tais categorias como duais, ou dicotômicas, mas, como rearticulações entre traços que
se misturam.
A festa do Rosário em Minas Novas preserva tradições folclóricas e culturais afro-
brasileiras, que, somadas às práticas e costumes do Vale do Jequitinhonha, ganham formas
próprias, como por exemplo, a junção do artesanato local aos rituais da festa, marcando
presença inclusive, através das roupas utilizadas nas procissões, dos objetos de barro e
madeira usados para servirem as comidas e bebidas, bem como a confecção de instrumentos
musicais utilizados nas bandas de músicas.
Nossa Senhora do Rosário começou a ser festejada com a vinda dos escravos para
Minas Novas. Acredita-se que esse costume data de fins do século XVIII e início do XIX.
Segundo alguns confrades, como Álvaro Pinheiro Freire e Maria Evaristinho a devoção já era
praticada antes da criação da Irmandade, mas como já foi dito, não encontramos fontes que
comprovem essas prováveis datas. Esta devoção também se espalhou para outras cidades do
Vale, como por exemplo, para Araçuaí, que teve seu compromisso reconhecido em 1879.
Segundo Frei Chico Poel, franciscano e reconhecido pesquisador da cultura do Vale, “no
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