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dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

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mais comuns. Também comum era a razia 2 , na qual “os atacantes recolhiam as mulheres, os<br />

rapazolas, as mocinhas [...] e os levavam, presos um ao outro pelo pescoço, pelo libambo ou<br />

por uma corda” (2002, p. 108). Os crimes eram punidos também com a escravidão, neste<br />

caso, quem cometia assassinatos, furtos, adultérios ou feitiçarias podia receber como castigo,<br />

se tornar escravo por um <strong>de</strong>terminado tempo. Quando alguém <strong>de</strong>via e não podia pagar, o<br />

<strong>de</strong>vedor se tornava escravo do credor, até que este julgasse que a dívida estava quitada,<br />

voltando assim, o <strong>de</strong>vedor a sua condição <strong>de</strong> homem livre. Outras formas comuns também,<br />

ainda segundo Silva, eram a penhora: “podia requerer um empréstimo a outrem, entregando-<br />

se a si próprio como garantia”, ou em situações <strong>de</strong> abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r por parte <strong>de</strong> um rei, em que<br />

este podia ven<strong>de</strong>r alguém que não cumprisse as regras do seu reinado com o <strong>de</strong>sterro político,<br />

o exílio (2002, p. 108-112). Como os riscos <strong>de</strong> fuga eram sempre gran<strong>de</strong>s, os cativos eram<br />

vendidos <strong>para</strong> regiões distantes dos seus locais <strong>de</strong> origem.<br />

Apesar da escravidão já ser conhecida dos africanos, o caráter mercantil, ou seja, o uso<br />

<strong>para</strong> fins comerciais <strong>de</strong>ssa prática foi consolidado pelos europeus. Estes começaram no século<br />

XVI um lucrativo comércio <strong>de</strong> seres humanos. Os negros eram capturados em diversas<br />

regiões africanas e vendidos por traficantes no litoral <strong>para</strong> os que se interessavam, <strong>de</strong>ntre<br />

estes, estavam os portugueses, que haviam percebido que a substituição do trabalho indígena<br />

pelo africano po<strong>de</strong>ria trazer maiores lucros. Além do que, o próprio tráfico, ou seja, o próprio<br />

comércio era muito lucrativo. Iniciou-se então o tráfico negreiro sob condições <strong>de</strong>sumanas.<br />

Os africanos que conseguiam sobreviver aos porões dos navios foram forçosamente sendo<br />

<strong>de</strong>sembarcados no Brasil <strong>para</strong> trabalhar nas plantações <strong>de</strong> açúcar e em outros tipos <strong>de</strong> tarefas.<br />

A partir daí iniciou-se uma longa luta por parte <strong>de</strong>sse povo <strong>para</strong> ter <strong>de</strong> volta sua liberda<strong>de</strong><br />

roubada, bem como <strong>para</strong> tentar preservar seus valores e suas culturas. De acordo com Moura,<br />

O escravo não foi aquele objeto passivo que apenas observava a história. [...] pelo<br />

contrário, um componente dinâmico permanente no <strong>de</strong>sgaste ao sistema, através <strong>de</strong><br />

diversas formas, e que atuavam, em vários níveis, no processo do seu<br />

<strong>de</strong>smoronamento. (MOURA, 1987, p. 08).<br />

Dentre as formas que contribuíam <strong>para</strong> o <strong>de</strong>sgaste ao sistema <strong>de</strong> escravização, citamos,<br />

por exemplo, a resistência ao próprio trabalho que lhe era imposto; o aborto por parte das<br />

mulheres na tentativa <strong>de</strong> livrar os filhos da escravização; tentativas <strong>de</strong> homicídios contra os<br />

senhores; o suicídio; furtos; o agrupamento em irmanda<strong>de</strong>s religiosas on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>ram preservar<br />

parte <strong>de</strong> suas culturas e valores, através das tradicionais festas e também as fugas. Através das<br />

2 Invasão predatória em território inimigo que inclui mortes e saques.

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