01.08.2013 Views

dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

44<br />

influenciou uma geração <strong>de</strong> estudiosos da temática quilombola até meados dos 70,<br />

como Artur Ramos (1953) e Edson Carneiro (1957). O traço marcadamente comum<br />

entre esses autores é atribuir aos quilombos um tempo histórico passado,<br />

cristalizando sua existência no período em que vigorou a escravidão no Brasil, além<br />

<strong>de</strong> caracterizarem-nos como espaços <strong>de</strong> resistência e <strong>de</strong> isolamento da população<br />

negra. (SCHIMITT; TURATTI; CARVALHO. 2002, p. 02).<br />

Por muito tempo, quilombo foi consi<strong>de</strong>rado um lugar <strong>para</strong> on<strong>de</strong> os negros fugitivos se<br />

estabeleciam e nada mais. No entanto, sabemos hoje que, essa concepção <strong>de</strong> quilombo já se<br />

encontra ultrapassada. Moura explicita que,<br />

E <strong>de</strong>staca que,<br />

Esses quilombos tinham vários tamanhos e se estruturavam <strong>de</strong> acordo com o seu<br />

número <strong>de</strong> habitantes. Os pequenos quilombos possuíam uma estrutura muito<br />

simples: eram grupos armados. As li<strong>de</strong>ranças, por isto, surgiam no próprio ato da<br />

fuga e da sua organização. Os gran<strong>de</strong>s, porém, já eram muito mais complexos. O <strong>de</strong><br />

Palmares chegou a ter cerca <strong>de</strong> vinte mil habitantes e o <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong>, em<br />

Minas Gerais, cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil ou mais. (MOURA, 1987, pag. 17).<br />

O superproduto social se tornara abundante. Depois <strong>de</strong> alimentada toda a<br />

população, atendidos os gastos coletivos e guardadas em celeiros as quantida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>stinadas às épocas <strong>de</strong> más colheitas, guerras e festivida<strong>de</strong>s, ainda sobrava algo<br />

<strong>para</strong> trocar por produtos essenciais das povoações luso-brasileiras. O caráter<br />

nitidamente antieconômico do sistema escravista é ilustrado por esse contraste entre<br />

o rendimento do trabalho do negro quando livre e quando escravo. Era por ser<br />

escravo, não por ser negro, que ele produzia pouco e mal nas plantações e nos<br />

engenhos. ( MOURA, 1987, pag. 40).<br />

Assim, po<strong>de</strong>mos concluir, <strong>de</strong> acordo com Clóvis Moura (1987) e Munanga (1996),<br />

que os quilombos não eram apenas espaço <strong>para</strong> on<strong>de</strong> fugiam negros como especificava a<br />

coroa portuguesa, e também não se constituíam em um espaço isolado. Eram espaços e<br />

tempos on<strong>de</strong> existiam pessoas brancas, índios, militares fugitivos, mulatos, enfim, todos que<br />

<strong>de</strong>sejassem se juntar na luta a favor <strong>de</strong> uma vida livre eram bem vindos ao grupo. O<br />

isolamento também po<strong>de</strong> ser questionado, na medida em que muitos quilombos mantinham<br />

relações com mascates e pequenos proprietários, estabelecendo assim relações <strong>de</strong> comércio,<br />

negociando o exce<strong>de</strong>nte do que era produzido e ou extraído <strong>de</strong> suas terras por produtos vindos<br />

da cida<strong>de</strong>, como por exemplo, armas e sal.<br />

Um dos questionamentos hoje sobre os grupos remanescentes <strong>de</strong> quilombos diz<br />

respeito à forma como se constituíram. Na diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas, po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar as<br />

fugas <strong>para</strong> terras distantes, as heranças, doações, e as compras <strong>de</strong> terras. Desta forma, no<br />

entendimento <strong>de</strong> Alfredo Wagner Almeida, citado por Ratts,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!