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dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

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Para Gusmão, portanto, o conceito “quilombo” é insuficiente <strong>para</strong> dar conta das<br />

comunida<strong>de</strong>s negras em suas diversida<strong>de</strong>s e formas <strong>de</strong> acesso a terra. E, <strong>de</strong>vido a estas<br />

diversida<strong>de</strong>s, estes povos encontrarão dificulda<strong>de</strong>s <strong>para</strong> comprovar a condição <strong>de</strong><br />

“remanescente <strong>de</strong> quilombo”. Segundo a autora, estas comunida<strong>de</strong>s se estruturam na relação<br />

com a terra e no estar na terra. Relação esta, estabelecida através do “direito costumeiro”, na<br />

utilização em comum do território e na <strong>de</strong>scendência negra <strong>de</strong> um grupo. (GUSMÃO, 1995,<br />

p. 06)<br />

Para Anjos, outra estudiosa do assunto:<br />

No Brasil, os remanescentes <strong>de</strong> antigos quilombos, “mocambos”, “comunida<strong>de</strong>s<br />

negras rurais”, “quilombos contemporâneos”, “comunida<strong>de</strong> quilombola” ou “terras<br />

<strong>de</strong> preto” referem-se a um mesmo patrimônio territorial e cultural inestimável e em<br />

gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sconhecido pelo Estado, pelas autorida<strong>de</strong>s e pelos órgãos oficiais.<br />

Muitas <strong>de</strong>ssas comunida<strong>de</strong>s mantêm ainda tradições que seus antepassados<br />

trouxeram da África, como a agricultura, a medicina, a religião, a mineração, as<br />

técnicas <strong>de</strong> arquitetura e construção, o artesanato, os dialetos, a culinária, a relação<br />

comunitária <strong>de</strong> uso da terra, <strong>de</strong>ntre outras formas <strong>de</strong> expressão cultural e<br />

tecnológica. (ANJOS,1999, p. 10).<br />

Concordando com Gusmão e Anjos, utilizei o termo “comunida<strong>de</strong> remanescente <strong>de</strong><br />

quilombo”, ou simplesmente “quilombo” nesta pesquisa <strong>para</strong> me referir às comunida<strong>de</strong>s<br />

rurais negras, como por exemplo, a comunida<strong>de</strong> rural Quilombo, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>u uma parte da<br />

pesquisa. Tomamos estes termos como equivalentes, pois ambos se fundam na relação com a<br />

terra e com a <strong>de</strong>scendência <strong>de</strong> parentes negros, escravos ou não. Concordando, <strong>de</strong>ssa forma,<br />

também, com a ABA – Associação Brasileira <strong>de</strong> Antropologia - que através da reunião do GT<br />

– Comunida<strong>de</strong>s Negras Rurais, que reúne antropólogos que se <strong>de</strong>dicam à pesquisa e estudos<br />

sobre os negros, realizada nos dias 17 e 18 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1994, os dois termos foram tomados<br />

com o mesmo significado. Segundo a ABA, (1994) geralmente são comunida<strong>de</strong>s formadas<br />

por grupos que não estão isolados e nem são totalmente homogêneos, muitas vezes nem<br />

possui uma referência histórica comum, são constituídos através <strong>de</strong> vivências e valores<br />

partilhados pela coletivida<strong>de</strong>, se i<strong>de</strong>ntificam pelo sentimento <strong>de</strong> pertença, principalmente na<br />

utilização do território.<br />

1.2.3 – Cultura, culturas: o conceito necessário.<br />

Trabalhar com a cultura ou as culturas <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado povo não é tarefa fácil e<br />

nem autoriza simplificações. Ao tentar enten<strong>de</strong>r as culturas <strong>de</strong> jovens alunos moradores do<br />

Quilombo, a intenção foi perceber como expressões simbólicas se colocam nos processos <strong>de</strong>

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