dissertação revisada para biblioteca - Centro de Referência Virtual ...

227
reconhecimento. (CONSELHO COMUNITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO
RURAL QUILOMBOLA DE RIBEIRÃO DA FOLHA, 2009, p. 1).
É certo que Minas Novas recebeu grande quantidade de negros escravizados, e, é
certo também, que a região do povoado de Bemposta foi “ocupada há aproximadamente 300
anos” e é tida pelos minasnovenses “ como um antigo ponto de negociação de escravos”
(CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO ELOY FERREIRA DA SILVA, 2008, p. 120).
Amparando-se neste histórico enviado à FCP, o distrito de Ribeirão da Folha pode apresentar
dados consistentes, pois, com a distância de cerca de 40 quilômetros entre as duas
localidades, é bem possível que negros tenham fugido para a região de Ribeirão da Folha
dando origem a núcleos quilombolas. Assim, com identificação ou não por órgãos
especializados, o certo é que Ribeirão da Folha e comunidades vizinhas – pertencentes à sua
associação – aguardam o reconhecimento oficial como comunidades remanescentes de
quilombo.
Desta forma a escola onde fizemos nossas observações sistemáticas e onde estudam os
sujeitos dessa pesquisa está inserida em um distrito que solicitou seu reconhecimento como
remanescente de quilombo em 2009, mas que ainda aguarda por tal reconhecimento pela FCP.
Em meio a este movimento reivindicatório foi importante entender a posição da escola diante
deste pedido, sua relação com a comunidade, uma vez que além de estar inserida em um local
que solicitou reconhecimento como comunidade remanescente de quilombo, ainda recebe
alunos de uma comunidade já reconhecida pela FCP como quilombola, a Comunidade
Quilombo.
Para entender a relação da escola com a comunidade conversei com a diretora, em
março de 2010, sobre o fato de Ribeirão ter pedido seu reconhecimento como comunidade
remanescente de quilombo e o que teria mudado na escola a partir deste pedido. Ela
respondeu que não sabia como estava tal situação, que não podia me explicar, pois a escola
não participou das discussões sobre tal pedido. Disse-me também que na escola não mudou
nada, pois ela não havia recebido nenhum comunicado oficial sobre o assunto, mas que
quando fosse à Superintendência Regional de Ensino, em Diamantina, conversaria com a
superintendente para saber como ficaria a situação da escola.
A diretora se mostrou confusa diante das indagações, uma vez que para saber sobre o
pedido de reconhecimento feito pela comunidade à FCP, ela deveria procurar a Associação
Comunitária Quilombola e não a SRE de Diamantina. Diante de suas respostas percebi o
distanciamento que havia entre a escola e o conselho comunitário, ou seja, o distrito de
Ribeirão da Folha. Então, com muito jeito, disse a ela que neste caso, a escola deveria