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A filha da feiticeira - Paula Brackston

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Ele se virou e acenou para a enfermeira. Ela e o assistente levantaram <strong>da</strong><br />

cadeira o paciente que gemia e o colocaram na mesa. O homem estava cinzento de<br />

dor e agarrava seu estômago com as duas mãos.<br />

Dr. Gimmel continuou.<br />

— Temos um caso simples diante de nós esta manhã, senhores. Nosso<br />

paciente, como até o mais lento de vocês sem dúvi<strong>da</strong> já deve ter observado, é um<br />

homem jovem, de constituição magra, com boa saúde, exceto pela dor abdominal<br />

que o trouxe até aqui. Após uma análise aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>, cheguei à conclusão de que o<br />

apêndice está perigosamente inflamado, e deixá-lo assim seria <strong>da</strong>r uma sentença de<br />

morte para este pobre sujeito.<br />

Com a explicação, o paciente deixou escapar um grito de agonia. Dr. Gimmel<br />

assentiu com a cabeça.<br />

— Sem dúvi<strong>da</strong>, é uma desgraça para qualquer homem encontrar-se com tal<br />

enfermi<strong>da</strong>de. No entanto, a grande sorte desse paciente é estar nessa situação ao<br />

alcance dos braços sempre estendidos do Fitzroy. Não tema, meu bom homem. —<br />

Ele colocou brevemente a palma <strong>da</strong> mão na testa do paciente. — Seus problemas<br />

em breve vão acabar.<br />

Eliza adiantou-se com uma bandeja trazendo uma garrafa de vidro azul e um<br />

pe<strong>da</strong>ço de pano. Ela observou o médico enquanto ele cui<strong>da</strong>dosamente colocava o<br />

pano sobre a boca e o nariz do paciente e aplicava algumas gotas de clorofórmio.<br />

Uma imagem passou por sua cabeça, de outra cirurgia, feita havia cerca de<br />

cinquenta anos ou menos, antes que ela viesse para o Fitzroy. Antes que os atos<br />

cirúrgicos tivessem sido abençoados com a aplicação de anestesia. Lembrou-se <strong>da</strong><br />

pressa com que o cirurgião era forçado a proceder. Lembrou-se dos berros subindo<br />

para gritos enquanto a serra de ossos abria seu caminho através <strong>da</strong> coxa do<br />

paciente. Lembrou-se do terror no rosto do jovem e do jeito como ele se contorcia e<br />

lutava contra os laços que o prendiam, até que a dor e a exaustão o levaram<br />

misericordiosamente a perder a consciência. Aqueles foram dias sombrios para os<br />

procedimentos cirúrgicos. Eliza tinha aprendido rapi<strong>da</strong>mente, no entanto, que havia<br />

algumas maneiras de aliviar esse sofrimento tão terrível. A hipnose vinha sendo<br />

amplamente pratica<strong>da</strong> havia anos e, apesar de reprova<strong>da</strong>, era legaliza<strong>da</strong>. Ela já havia<br />

se apresentado como hipnotizadora e, assim, usado a técnica para entorpecer os<br />

pacientes e deixá-los completamente inconscientes. Quando a hipnose tornou-se<br />

ilegal, ela foi força<strong>da</strong> a abandonar a prática, com medo de que a ver<strong>da</strong>deira

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