14.04.2017 Views

A filha da feiticeira - Paula Brackston

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

334<br />

— Deveria, não deveria... Como se pode aplicar regras a algo como a magia,<br />

Bess? — Ele começou a flutuar e então se deitou em pleno ar, como se estivesse em<br />

um sofá, apoiado em um cotovelo. — Você sabe que ain<strong>da</strong> não é tarde demais;<br />

ain<strong>da</strong> pode se juntar a mim. Sabe como poderíamos ser poderosos juntos. Você já<br />

provou um pouco desse poder, e acho que gosta dele, não gosta? Claro que você<br />

não vai admitir isso. — Ele suspirou. — Há um lado conservador em você, Bess, que<br />

não é na<strong>da</strong> atraente.<br />

— Você está errado, Gideon. É tarde. Tarde demais.<br />

Atrás de Elizabeth, a floresta começou a se mover, a farfalhar e girar, como<br />

se to<strong>da</strong>s as árvores tivessem vontade própria, como se estivessem tentando libertar<br />

suas raízes e se libertarem. Um vento frio começou a soprar através dos galhos.<br />

Parecia vir de lugar nenhum, mas claro que não era assim; era Elizabeth quem o<br />

estava provocando. Naquele instante, as árvores começaram a oscilar de um lado<br />

para o outro, movendo-se em sincronia, como se estivessem <strong>da</strong>nçando. Era uma<br />

visão incrível; a floresta inteira parecia estar viva e se movia de acordo com a<br />

vontade de Elizabeth. Fiquei ali, para<strong>da</strong>, completamente imóvel, como se tivesse<br />

criado raízes ao mesmo tempo que as árvores se livravam delas. Pensei, por um<br />

segundo, se Elizabeth não teria me enfeitiçado também. Teria ela lançado algum<br />

feitiço para me proteger, talvez? Era estranho, mas eu não sentia mais vontade de<br />

fugir. Estava exatamente onde deveria estar.<br />

A terra começou a tremer, ca<strong>da</strong> vez mais forte. Folhas secas giravam em um<br />

redemoinho cor de bronze e ouro, brilhando sob o luar sobrenatural. Finalmente, as<br />

árvores se libertaram! Uma ou duas no início e depois mais e mais. Carvalhos<br />

enormes, faias e árvores de todos os tipos, os troncos pareciam respirar, seus<br />

grandes galhos se estendendo para a frente enquanto marchavam em direção a<br />

Gideon.Elizabeth se manteve firme enquanto eles avançavam, deixando que<br />

passassem por ela, ca<strong>da</strong> vez mais próximas. Gideon não se moveu, nem sequer<br />

demonstrou surpresa. Ele esperou. Esperou até que as árvores estivessem muito<br />

perto, quase perto o suficiente para conseguirem tocá-lo e esmagá-lo com aqueles<br />

membros enormes. Quase, mas não o bastante. Ele colocou as mãos na cintura,<br />

jogou a cabeça para trás, estufou o peito e respirou fundo. Um dos maiores<br />

carvalhos já estava ao lado dele, e, por um momento, pensei que Gideon havia<br />

calculado muito mal as coisas e que estava prestes a ser atirado ao solo, mas eu<br />

deveria saber. Deveria conhecê-lo melhor. Ele expirou, liberando seu hálito<br />

fedorento com um rugido de estourar os tímpanos. Aquela respiração não era

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!