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A filha da feiticeira - Paula Brackston

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— Você estava certo — a voz de Elizabeth era clara, mesmo em meio a todo<br />

aquele barulho. — Não podemos matá-lo, Gideon. Essa nunca foi uma opção. Mas<br />

podemos levá-lo.<br />

Um breve clarão de medo apareceu no rosto dele.<br />

— Podemos convidá-lo a se juntar a nós — continuou ela, apertando mais<br />

ain<strong>da</strong> a mão dele — e, se você vem espontaneamente, se concor<strong>da</strong>, como acabou<br />

de fazer, você pode ser nosso convi<strong>da</strong>do nas Terras do Verão.<br />

— Não! — rugiu ele, mas não fez diferença. Ele lutou para libertar a mão,<br />

mas na<strong>da</strong> faria Elizabeth soltá-lo. Não agora.<br />

— Você não vai causar nenhum mal lá, Gideon. Quem sabe, entre nós, talvez<br />

você apren<strong>da</strong> um pouco de humil<strong>da</strong>de.<br />

Ele estava gritando agora, seu rosto mu<strong>da</strong>ndo o tempo todo. Ele se<br />

transformava de modo selvagem e louco: olhos vermelhos, caninos, pelos, chifres.<br />

Ele urrava, contorcia-se e chutava, mas ela o segurava com força.<br />

Ela virou a cabeça lentamente e olhou para mim. Eu sabia que estava se<br />

despedindo. Desejei ser forte por ela, para mostrar que entendia e que estava tudo<br />

bem. Para agradecer por tudo o que ela fizera por mim. Mas meu coração estava<br />

partido. Eu não podia suportar a ideia de ela me deixar.<br />

— Elizabeth! — chamei, as lágrimas rolando por meu rosto. — Elizabeth!<br />

Ela balançou a cabeça e sorriu, e, embora eu não conseguisse ouvi-la, vi seus<br />

lábios formarem as palavras: Seja forte!<br />

Então, em um piscar de olhos, eles se foram. Não havia mais na<strong>da</strong>. Só eu e a<br />

floresta. Eu não era capaz de me mover. Estava paralisa<strong>da</strong>. Somente quando percebi<br />

que a floresta ain<strong>da</strong> estava em chamas, fui capaz de me forçar a pensar em minha<br />

segurança. Eu estava prestes a correr quando notei algo, um pequeno movimento<br />

no solo. Meu camundongo branco! Abaixei-me para apanhá-lo, mas ele fugiu.<br />

— Ei! Isso não é hora de brincar! — disse-lhe, indo na direção dele. Ele pulou<br />

sobre um pe<strong>da</strong>ço de madeira. Era o cajado de Elizabeth. Eu o apanhei. O<br />

camundongo saltou para dentro do meu bolso. Olhei ao redor, checando mais uma<br />

vez, mas eu estava sozinha. Corri. Eu sabia que não conseguiria fazer a moto<br />

funcionar, então continuei a pé. Parei assim que cheguei à estra<strong>da</strong> e usei o celular<br />

para chamar os bombeiros. Atirei o telefone em uma vala depois disso, feliz por me

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