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A filha da feiticeira - Paula Brackston

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— Sim, na noite passa<strong>da</strong>. — Vendo como ela ficara choca<strong>da</strong>, Roland<br />

procurou explicar. — Lamento, dra. Hawksmith, achei que soubesse. Estava nos<br />

jornais esta manhã. Duas mulheres dessa vez. Sim, duas em uma noite. Ambas<br />

terrivelmente mutila<strong>da</strong>s... A coisa mais horrível. — Roland ficou conversando com as<br />

paredes enquanto Eliza pegou sua bolsa e saiu correndo.<br />

A viagem para casa deu a ela tempo para elaborar um plano, de modo que,<br />

quando chegou de volta à rua Hebden, Eliza sabia exatamente o que fazer. Gideon<br />

tinha que ser detido. E teria que ser ela a fazê-lo. Não havia tempo para esperar por<br />

cartas de Milão. Não havia tempo para meias medi<strong>da</strong>s. Iria enfrentá-lo sozinha. Faria<br />

o que fosse necessário para livrar o mundo desse ser maligno. Mais nenhuma<br />

mulher iria morrer por causa dele. Por causa dela. Não mais!<br />

A clínica não estava cheia. O nevoeiro havia sido substituído por uma chuva<br />

constante. O mau tempo e o medo que lavava as ruas junto com ele mantinham<br />

dentro de casa todos os que não tinham necessi<strong>da</strong>de de sair. Mesmo aquelas<br />

mulheres cuja subsistência dependia <strong>da</strong> prostituição pelos becos e ruas laterais<br />

tinham considerado, em grande parte, que o risco era muito grande. To<strong>da</strong>s as<br />

meninas se conheciam. Algumas haviam perdido amigas próximas. A natureza dos<br />

assassinatos era bem-conheci<strong>da</strong> e o horror era terrível demais para encarar. Eliza<br />

esperou até que restasse apenas uma paciente na pequena sala. Uma menina<br />

dolorosamente jovem com uma tosse de cortar o coração. Eliza tocou sua manga<br />

quando ela estava prestes a sair.<br />

— Espere — disse ela —, só um momento.<br />

A menina observou com os olhos sombrios.<br />

— Connie, não é?<br />

— Sim, doutora. — A voz <strong>da</strong> menina era rouca.<br />

— Eu gostaria de pedir um favor. Sei que pode parecer estranho, mas, bem,<br />

espero que enten<strong>da</strong> que tenho minhas razões para perguntar. Você pode me<br />

aju<strong>da</strong>r?<br />

— Sim, claro que posso. Não vejo como eu possa fazer muito, mas é só me<br />

dizer o que quer, doutora.<br />

— Olhe — disse Eliza —, olhe para isso. — Ela tirou <strong>da</strong> mesa do canto um<br />

lindo vestido verde de algodão fino com laços na gola e nos punhos. — É do seu<br />

tamanho, eu acho. A cor combina com você. Você pode trocar sua roupa por este<br />

vestido?

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