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A filha da feiticeira - Paula Brackston

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pudessem retirá-lo e salvar a vaca. Ninguém poderia ter certeza de que a pobre<br />

criatura já estivesse morta antes de ele começar a dissecá-la. Bess ain<strong>da</strong> podia ver<br />

os membros e cascos patéticos do filhote, em meio a uma massa sangrenta ao lado<br />

<strong>da</strong> mãe. A vaca morrera no dia seguinte. Bess tentou afastar aquela imagem <strong>da</strong><br />

mente. Precisava ficar calma. Precisava agir com precisão. Se não o fizesse, Sarah<br />

pagaria o preço com sua vi<strong>da</strong>. Bess redobrou seus esforços, afastando a ideia de que<br />

poderia machucar a criança; o bebê precisava sair. Finalmente, começou a perceber<br />

uma leve mu<strong>da</strong>nça de posição. Anne também notou.<br />

— Não o deixe escorregar de volta — disse ela.<br />

Bess girou o ombro do bebê para um lado e sentiu que a cabeça se movia<br />

para baixo, na direção do canal do parto. Naquele momento, uma contração<br />

poderosa sacudiu o corpo de Sarah. A moça estava fraca demais para gritar e só<br />

conseguiu emitir um gemido assustador.<br />

A Velha Mary se aproximou.<br />

— Empurre agora, menina! Não fraqueje agora. Força!<br />

Então, ela gritou. Com um último, gigantesco esforço, com forças vin<strong>da</strong>s de<br />

um lugar desconhecido que existe dentro de to<strong>da</strong> mãe, Sarah gritou e empurrou.<br />

Bess emitiu um som de espanto quando sua mão e o bebê foram expulsos de<br />

uma vez. Tudo aconteceu tão rapi<strong>da</strong>mente que ela mal teve tempo de segurar o<br />

bebê, enquanto a criança escorregava pelos lençóis empapados de sangue.<br />

— Olhem! — gritou Bess. — Nasceu! Um menino!<br />

Anne examinou a criança, que protestou aos gritos, para o alívio de todos no<br />

quarto.<br />

— Deus seja louvado! — sussurrou a senhora Prosser, trazendo a mão <strong>da</strong><br />

<strong>filha</strong> aos lábios.<br />

mãe.<br />

A Velha Mary sorriu, um sorriso sem dentes.<br />

— Deus e a jovem Bess, aqui — disse ela. — Ela realmente é <strong>filha</strong> de sua<br />

Bess observou enquanto o bebê era enrolado em panos quentes e entregue<br />

para a mãe. Sarah beijou o alto <strong>da</strong> cabeça de seu filho, seu rosto transformado. A<br />

sombra <strong>da</strong> morte desaparecera e fora substituí<strong>da</strong> pela alegria <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Ela ergueu os<br />

olhos para Bess.

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