14.04.2017 Views

A filha da feiticeira - Paula Brackston

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

57<br />

maior do que um ovo de ganso, diminuindo até ficar do tamanho de ameixas cor de<br />

areia, um quilômetro e meio adiante. Bess deixou que o assobio <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s na<br />

calmaria a embalassem em um suave devaneio. Percebeu algo, então, no outro<br />

extremo <strong>da</strong> praia, logo à beira d’água. Era uma forma escura, distante demais para<br />

se distinguir. Enquanto observava, podia ver que a sombra movia-se lentamente em<br />

sua direção. Estreitou um pouco os olhos, fazendo sombra com a mão, esforçandose<br />

para focalizar. Agora ela podia ver que era um vulto. Um homem, vestido em<br />

roupas pretas e com um chapéu de abas largas. Ele caminhava com determinação,<br />

mas parecia avançar pouco pela areia molha<strong>da</strong>. Bess ouviu Margaret tagarelando<br />

atrás dela sobre peixinhos, mas sentia-se compeli<strong>da</strong> a observar enquanto o homem<br />

se aproximava lentamente. Ela não estava muito certa, mas acreditava que sabia<br />

quem era. As roupas sombrias, a estatura alta, os movimentos metódicos e<br />

confiantes. Era Gideon Masters. O que ele poderia estar fazendo ali na praia? Não<br />

carregava uma cesta ou uma vara de pesca. Bess não conseguia imaginá-lo como o<br />

tipo de homem que passeia preguiçosamente à beira-mar. Ele continuou a<br />

aproximação, de modo que era possível enxergar suas feições e perceber que a<br />

encarava diretamente. Ela ficou paralisa<strong>da</strong>. Passou a língua pelos lábios salgados e<br />

secos e percebeu que estava sem fôlego. Recordou o que William dissera. Algo de<br />

ruim havia naquele homem. Era por isso que ela se sentia assim?<br />

— Bess, venha aqui, ajude-me a pegar esses peixinhos. Papai vai ficar tão<br />

feliz! Bess, venha agora!<br />

irmã.<br />

Bess se desviou de seu objeto de fascinação, virando-se para responder à<br />

— Espere um momento, Margaret. Não os espante antes que eu chegue aí.<br />

Ela vislumbrou novamente a praia, parte dela mal ousando olhar, esperando<br />

ver Gideon apenas a alguns passos de distância. Mas ele desaparecera. A praia<br />

estendia-se vazia diante dela. Vazia e imperturbável. Ela correu adiante, procurando<br />

por pega<strong>da</strong>s na areia, mas não havia nenhuma. Ouviu Margaret chamando-a, mas<br />

continuou a busca, respingando através <strong>da</strong> espuma superficial, rastreando a praia e<br />

as rochas que levavam até o penhasco. Na<strong>da</strong>. Tentou se convencer de que Gideon<br />

deveria ter caminhado sobre a areia molha<strong>da</strong>. Suas pega<strong>da</strong>s teriam sido<br />

rapi<strong>da</strong>mente cobertas pela água e todos os vestígios de sua caminha<strong>da</strong><br />

instantaneamente apagaram-se. Parecia lógico. Ain<strong>da</strong> assim, isso não explicava<br />

como o homem cruzara a extensão de areia seca entre a beira d’água e o caminho

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!