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A filha da feiticeira - Paula Brackston

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Elizabeth não respondeu. Eu podia ver os lábios dela se movendo muito<br />

rapi<strong>da</strong>mente, mas não conseguia ouvir o que dizia. Então, passei a ouvir alguns<br />

ruídos estranhos. Como vozes. Ou música. Não, não estava entoando uma canção;<br />

era um encantamento. E, durante todo aquele tempo, o desgraçado continuou a<br />

sorrir aquele sorriso doentio.<br />

As palavras dela eram abafa<strong>da</strong>s pelo vento que uivava e pelas vozes. E,<br />

então, percebi sombras por entre as árvores. Pessoas. Não, mulheres. Não, bruxas.<br />

Quatro, cinco, seis, sete... uma dúzia delas, acho. Era difícil contar; elas pareciam<br />

deslizar por entre as árvores, e começaram a girar pela clareira. Gideon franziu o<br />

rosto. Ele não parecia assustado; parecia mais irritado.<br />

— Sejam bem-vin<strong>da</strong>s, minhas irmãs! — Elizabeth cumprimentou as outras<br />

bruxas, enquanto elas voavam. Gideon ficou parado, olhando com desdém para ela,<br />

enquanto aquelas criaturas fabulosas invadiam o lugar.<br />

Aquelas não eram velhas megeras ou bruxas típicas dos contos de fa<strong>da</strong>s. Elas<br />

eram lin<strong>da</strong>s, vesti<strong>da</strong>s em cores brilhantes, os cabelos esvoaçando, to<strong>da</strong>s com o<br />

mesmo brilho fantástico irradiando de seus corpos como fogos de artifício. Eram<br />

gloriosas. Elizabeth estava realmente satisfeita, muito emociona<strong>da</strong> por elas terem<br />

vindo em seu auxílio; <strong>da</strong>va para ver em seu rosto. Eu nunca a vira tão feliz.<br />

— Sua criatura tola. — Gideon gritava com ela naquele momento. — Você<br />

acha que eu não consigo acabar com um bando de bruxas velhas? — Ele fez com<br />

que uma caísse ao chão com força e atirou outra contra uma árvore. — Você acha<br />

mesmo que esse seu clã patético pode me matar? — urrou ele.<br />

Ele era tão poderoso e estava tão zangado que fiquei realmente assusta<strong>da</strong>.<br />

Estava atirando aquelas bruxas adoráveis de um lado para o outro como se fossem<br />

bonecas. Esmagando-as como se não fossem na<strong>da</strong>. Não importava o quão rápido<br />

elas se movessem ou o quanto usassem sua magia, ele era forte demais para elas. E,<br />

ain<strong>da</strong> assim, elas pairavam sobre ele, <strong>da</strong>nçando, voando, cantando. Eu não<br />

conseguia entender. Era quase como se soubessem que não tinham a menor chance<br />

e, mesmo assim, continuassem, tornando-o mais e mais furioso. Então, Elizabeth<br />

correu até ele. Direto até ele! Ela chegou muito perto — perto demais. Gideon a<br />

agarrou e a levantou no ar, estrangulando-a.<br />

— Eu não imaginei que você fosse tão tola, Bess. — Ele praticamente cuspiu.<br />

— Tão tola a ponto de acreditar de ver<strong>da</strong>de que pudesse me derrotar, você e suas<br />

amigas fracas.

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