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A filha da feiticeira - Paula Brackston

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Na manhã seguinte, quando acordei em nosso aconchegante leito, Archie<br />

havia desaparecido. Um sobressalto de medo sacudiu-me antes que meus ouvidos<br />

sintonizassem o som do machado rachando a lenha do lado de fora <strong>da</strong> casa. Saí <strong>da</strong><br />

cama, envolvendo-me na bela colcha. Abri a porta para a luz alegre do sol e um céu<br />

<strong>da</strong> manhã pintado de azul-bebê. O ar estava fresco como no outono e despertou<br />

meu cérebro sonolento. Archie estava de costas para mim, perto <strong>da</strong> pilha de toras,<br />

levantando o machado metodicamente enquanto cortava blocos de carvalho e<br />

freixo para o fogo. Eu estava prestes a chamá-lo, mas me detive. Em vez disso,<br />

enviei meus pensamentos até ele, silenciosamente.<br />

Vou preparar um café, você quer um pouco?<br />

Ele parou de rachar a madeira, virou-se e sorriu para mim. Largou o<br />

machado e andou na minha direção. Teria ele me ouvido? Teria minha voz soado<br />

dentro de sua cabeça ou era apenas uma coincidência ele ter escolhido aquele<br />

momento para deixar sua tarefa e vir até mim? Chegou perto e gentilmente afastou<br />

os cabelos de meu rosto.<br />

— Não antes de levá-la de volta para a cama e fazer amor com você outra<br />

vez — disse ele, em resposta à minha pergunta. Isso estava muito além de qualquer<br />

expectativa que eu pudesse ter alimentado sobre a nossa capaci<strong>da</strong>de de nos<br />

conectarmos um ao outro. Ah, que alegria! Pulei em seus braços, e a colcha de se<strong>da</strong><br />

escorregou de meus ombros. Archie riu enquanto me carregava para a casa.<br />

Foi algum tempo depois, quando estávamos sentados em frente ao fogo<br />

renovado, bebericando o café amargo, que uma ideia tremen<strong>da</strong> e fantástica me<br />

ocorreu. Uma ideia tão grande em seu significado, tão potencialmente<br />

transformadora para nós dois que, por um momento, me tirou o ar. Durante alguns<br />

instantes, fiquei sem saber como <strong>da</strong>r voz àquele pensamento. Ali estava Archie, na<br />

poltrona de couro surrado, despreocupado depois de fazermos amor, reanimado<br />

pelo banho de água fresca e o café forte, sem qualquer noção do que eu estava<br />

prestes a sugerir. Ou ele já sabia? Quanto, com que frequência e com que sucesso<br />

ele podia entrar em minha mente e discernir meus pensamentos se eu não o<br />

estimulasse a isso? Terminei meu café e fui me ajoelhar aos pés dele, pegando suas<br />

mãos nas minhas. Ele observou meu rosto iluminado.<br />

— Bem? — perguntou, esperando pelo que quer que houvesse claramente<br />

me inspirado. Se já sabia, não disse e deixou que eu mesma encontrasse as palavras.

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