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A filha da feiticeira - Paula Brackston

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que some e reaparece. — Ergueu a mão lentamente e tocou de leve uma mecha de<br />

cabelo que se soltava sob a capa de Bess. — E você, Bess, há magia em você.<br />

— Não entendo o que quer dizer.<br />

— Acho que entende, sim. Sei o que vi. Sei o que você fez. Essas palavras<br />

soam familiares? Elas deveriam. Você as disse para mim, há não muito tempo. Nós<br />

não somos tão diferentes, você e eu, Bess. Queria que você enxergasse isso. Não<br />

finja para mim que você já não se perguntou por que sobreviveu à peste, quando os<br />

outros não. Quantas vezes você ouviu falar de alguém tão doente, tão tomado pela<br />

vil doença, que tenha recuperado a boa saúde, hein? Sem ao menos uma mancha<br />

sobre a bela pele rosa<strong>da</strong>.<br />

— Tive sorte. — Bess podia ouvir o tremor em sua própria voz.<br />

— Sorte? Talvez você ache que Deus a poupou. Por que ele faria isso? Você<br />

acha que é melhor do que os outros? É isso?<br />

— Sei apenas que minha mãe cuidou <strong>da</strong> minha saúde.<br />

— Ela cuidou mesmo. Cuidou mesmo. — Ele assentiu, deixando sua mão cair<br />

em segui<strong>da</strong>. — Certamente deve ter sido um remédio forte o que ela encontrou<br />

para você. Ela disse a você como fez isso? Você perguntou a ela que ervas ela usou?<br />

— Ele fez a palavras ervas soar ridícula.<br />

Bess não conseguia ver sentido no que ele dizia. Gideon Masters parecia<br />

estar insinuando que sua mãe usara magia para salvá-la. Mas isso era loucura. Sua<br />

mãe não sabia fazer magia. Sua mãe não era <strong>feiticeira</strong>. E, no entanto, era como se<br />

ele soubesse mais sobre sua mãe do que ela própria, como se tivesse algum<br />

conhecimento sobre o que sua mãe havia feito. Ou como havia feito.<br />

Gideon enfiou a mão no bolso e tirou quatro moe<strong>da</strong>s. Ele as apertou na mão<br />

de Bess.<br />

— Pela sidra — disse ele. — Agora corra para casa, a luz está diminuindo. —<br />

Dizendo isso, tocou a bor<strong>da</strong> de seu chapéu enquanto inclinava sua cabeça e partiu<br />

rapi<strong>da</strong>mente, a passos largos. Bess olhou as moe<strong>da</strong>s. Era um bom preço.<br />

— Mas, a sidra... — gritou para ele. — Você não pegou a sidra.<br />

Ele respondeu, olhando para trás:<br />

— Ah, acho que você descobrirá que peguei. Boa-noite para você, Bess. Até a<br />

próxima vez.

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