14.04.2017 Views

A filha da feiticeira - Paula Brackston

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

252<br />

isso, pois você deve acreditar, com certeza, que to<strong>da</strong>s as <strong>feiticeira</strong>s podem voar, não<br />

é?<br />

Ela deu um salto, ficando de pé.<br />

— Não me diga que você vai voar?<br />

— Não, eu não — peguei a mão dela —, nós.<br />

Antes que ela tivesse tempo de reagir, joguei minha cabeça para trás,<br />

balancei meu braço e... estávamos no ar. Tegan gritou com uma mistura de terror e<br />

prazer enquanto arremetíamos para o céu noturno. Uma vez que alcançamos uma<br />

altura segura, parei.<br />

— Apenas segure minha mão — disse-lhe. — Abra seus braços, assim<br />

mesmo. Agora, venha comigo.<br />

Fazia muito tempo desde que eu voara pela última vez. Eu tinha esquecido a<br />

alegria pura que isso causa. Meu coração cantou com a liber<strong>da</strong>de, a leveza e a graça<br />

de deslizar pelo ar, mergulhando baixo sobre as copas <strong>da</strong>s árvores, rodopiando e<br />

mergulhando e subindo novamente. Ouvi o riso de Tegan, incapaz de conter sua<br />

alegria. Passamos sobre o vilarejo adormecido e atravessamos os campos<br />

ondulantes. Uma família de morcegos veio investigar, juntando-se a nós por alguns<br />

instantes. Uma coruja piou em alarme de um carvalho muito abaixo. Prosseguimos,<br />

cortando o céu <strong>da</strong> noite, caindo e voltando em segui<strong>da</strong>, subindo ca<strong>da</strong> vez mais alto,<br />

livres e gloriosas como falcões. Logo chegamos à costa. Puxei Tegan sobre a água<br />

escura e apontei para o mar liso. Golfinhos vieram à superfície. Voei baixo para que<br />

pudéssemos correr ao lado deles, os respingos vindos do mar refrescavam nossos<br />

rostos. Finalmente voltamos, e eu desci no bosque, ao lado <strong>da</strong> fogueira. Tegan<br />

deitou-se no chão, ofegante de euforia e admiração. Lentamente, ela ficou mais<br />

calma e se sentou.<br />

— Como? — perguntou ela. — Como isso pode funcionar? Quero dizer,<br />

como qualquer coisa dessas funciona?<br />

Eu a encarei.<br />

— Você ouviu a minha história. Você sabe como eu me tornei o que sou.<br />

Por um momento, ela lutou para assimilar a informação que eu acabara de<br />

<strong>da</strong>r. Pude ver que sua reação instintiva foi rejeitar essa ideia como fantasia, absur<strong>da</strong>,<br />

impossível. Mas então, depois do que havia acabado de testemunhar, acabado de

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!