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A filha da feiticeira - Paula Brackston

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— Se está, é maquiagem — disse Abigail. — Agora, por que vocês dois não<br />

escapam desta prisão e vão <strong>da</strong>r uma volta? Tenho um parque cheio de flores para<br />

admirar <strong>da</strong>qui. Não há razão para que todos fiquem sentados à minha volta, só me<br />

observando. Prometo não fazer na<strong>da</strong> que exija atenção médica ou broncas fraternas<br />

antes de vocês retornarem.<br />

— Tem certeza? — Simon deu uma demonstração de relutância pouco<br />

convincente, seus olhos nos de Eliza enquanto falava.<br />

Eliza sabia que estava radiante. Ele já havia comentado sobre isso várias<br />

vezes nos últimos dias. Também sabia que Simon estava ciente de seu desejo por<br />

ele. Ela fizera o possível para esconder, mas era uma tarefa impossível.<br />

— Ah, eu não tenho um chapéu apropriado para sair — disse ela,<br />

procurando uma desculpa para não ir. Estava dividi<strong>da</strong> entre a vontade de estar com<br />

ele e o medo <strong>da</strong> força de seus sentimentos no estado alterado em que se<br />

encontrava. Ela precisava de mais tempo para se acostumar consigo mesma dessa<br />

forma. — Deixei o meu em casa.<br />

— Ah — disse Abigail —, como se eu não tivesse um chapéu para lhe<br />

emprestar. Entre no meu closet, escolha um e apresse-se. O sol não aparece por<br />

muito tempo em novembro, você deve aproveitar ao máximo.<br />

Eliza fez como Abigail lhe disse. O closet ficava em uma porta anexa. Baús e<br />

roupeiros com vestidos, crinolinas e roupas de dormir e capas e xales cobriam as<br />

paredes. Havia uma prateleira repleta de caixas de chapéus. Eliza levantou tampas<br />

aqui e ali até encontrar dois de seu agrado. Ela os levou até a penteadeira ao lado <strong>da</strong><br />

janela para experimentá-los. O primeiro era muito cheio de detalhes, com um véu<br />

que a fez se sentir tão boba que chegou a rir para seu reflexo no espelho. Ela o tirou<br />

e colocou na penteadeira. Estava prestes a experimentar o segundo quando viu uma<br />

bela caixa de prata. Era menor do que uma caixa de chapéu, mas com um formato<br />

inapropriado para uma caixa de joias. Tinha uma estampa ondulante de rosascaninas<br />

talha<strong>da</strong>s, com verniz verde e rosa destacando as folhas e brotos. Eliza não<br />

resistiu e a pegou. Ela a segurou sob a luz para ver melhor a decoração encantadora<br />

e o belo artesanato. Havia uma chave fina na fechadura. Girou-a e a tampa saltou.<br />

Dentro, uma pequena figura de vestido esmeral<strong>da</strong> rodopiou em um palco de vidro<br />

enquanto a caixa de música começou a tocar. Eliza não conseguiu se mover. Ela<br />

queria jogar a caixa do outro lado <strong>da</strong> sala e sair correndo <strong>da</strong> casa, mas era como se<br />

suas mãos estivessem presas na prata. A bailarina <strong>da</strong>nçava com um sorriso malicioso<br />

no rosto esquelético. Eliza queria gritar, chorar, jogar o objeto ofensivo pela janela,

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