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A filha da feiticeira - Paula Brackston

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em você e sua mãe. Precisamos de uma governanta, e outra aju<strong>da</strong>nte de cozinha<br />

seria uma bênção, agora que meu irmão parece decidido a se casar. As<br />

acomo<strong>da</strong>ções são aconchegantes e alegres o suficiente. O trabalho não é<br />

excessivamente árduo, eu acho, e você nunca mais passaria fome. Não é a solução<br />

perfeita? Diga que você vai falar com sua mãe a respeito disso o quanto antes.<br />

Bess olhou incrédula para William. Seus olhos brilhavam com a alegria de<br />

oferecer uma oportuni<strong>da</strong>de tão maravilhosa de salvação. Ela podia ver apenas<br />

sinceri<strong>da</strong>de e bon<strong>da</strong>de em sua expressão, disso estava certa. Ficou claro para ela<br />

que, em sua inocência, ele não tivera a menor consciência <strong>da</strong> dor que acabara de lhe<br />

infligir. Em algum lugar lá dentro dela, uma estranha sensação se agitara,<br />

acompanha<strong>da</strong> por um curioso som borbulhante que Bess não reconhecera de<br />

imediato. Somente quando ficou mais alto e forte é que ela soube ser uma risa<strong>da</strong>.<br />

Não uma risa<strong>da</strong> suave ou um riso nervoso, mas uma gargalha<strong>da</strong> força<strong>da</strong>, tão<br />

estridente e inespera<strong>da</strong> que fez com que William se afastasse com um passo para<br />

trás. Bess riu até que seu corpo doesse e lágrimas descessem livremente de seus<br />

olhos. William a encarou, claramente preocupado com a possibili<strong>da</strong>de de ter<br />

provocado, de alguma forma, um ataque de loucura nela. Ela acenou com a mão<br />

para ele, impotente.<br />

— Perdoe-me, William — disse ela. — Não consigo mais conter minhas<br />

emoções mais básicas, como você está vendo. E, afinal, não é riso o que um bobo<br />

deve causar?<br />

— Está me chamando de bobo?<br />

— Não. — Ela balançou a cabeça enquanto enxugava os olhos. — Não você,<br />

querido e bondoso William. Eu é que sou a pateta aqui. Eu mereço esse título. E<br />

ninguém mais. Como metade do vilarejo fez o máximo para me informar, embora eu<br />

não tenha ouvido.<br />

— Não estou entendendo, Bess. Pensei em lhe oferecer esperança, auxiliá-la<br />

em um momento de necessi<strong>da</strong>de, mas você riu <strong>da</strong> minha sugestão.<br />

— Sua oferta é justa. É de bom-senso, como seria de se esperar de você. É<br />

esse sentido, que muito me falta, o que nos diferencia um do outro mais do que<br />

qualquer outra coisa. Você é mais experiente e sábio do que imaginei, William. —<br />

Recuperara a compostura e começou a sentir uma pesa<strong>da</strong> tristeza se abater sobre<br />

ela. Até aquele momento, não havia compreendido a força de sua afeição por<br />

William. Havia superestimado o próprio valor, falhara em ouvir as palavras <strong>da</strong>queles

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