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A filha da feiticeira - Paula Brackston

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— E então, você vai se encontrar com ele? — sorriu ela.<br />

— Vou pegar o trem para Gironde, três para<strong>da</strong>s a sudoeste <strong>da</strong>qui. Devo<br />

esperar por ele na plataforma e ele vai me encontrar.<br />

— Ah, um encontro às escondi<strong>da</strong>s! Isso é ridiculamente romântico.<br />

Meu próprio sorriso se desvaneceu.<br />

— Ou talvez apenas ridículo.<br />

— Mas, por quê?<br />

— Ah, eu não sei, isso não parece certo. Sair para me divertir,<br />

sorrateiramente, esquecendo o motivo de estarmos aqui, em primeiro lugar. —<br />

Corri a mão por meus cabelos e deixei meus ombros esmorecerem. Strap não estava<br />

entendendo na<strong>da</strong>.<br />

— Agora escute aqui, enfermeira Trabalho-Até-Cair Hawksmith — disse ela<br />

—, se alguém aqui merece umas horas de descanso, esse alguém é você. Faço<br />

questão de insistir que faz você muito bem em se divertir e esquecer<br />

completamente o porquê de estarmos aqui. É aí mesmo que está a graça de tudo<br />

isso! Minha nossa, garota, você não sabe quando relaxar e aproveitar. A última vez<br />

que saí sorrateiramente por aí, foi invadindo o dormitório <strong>da</strong> escola. Aproveite ao<br />

máximo, é o meu conselho. E volte para contar a nós, criaturas mal-ama<strong>da</strong>s, todos<br />

os detalhes. Ou, no mínimo, conte para mim. Estou vendo que você não irá querer<br />

que eu espalhe seus pecadilhos...<br />

— Pecadilhos! — ri. — Strap, você é um bálsamo. Se pudéssemos engarrafar<br />

o que quer que a deixa assim, tão incansavelmente alegre, nós esvaziaríamos as<br />

enfermarias.<br />

— Biscoitos de gengibre — declarou ela, mordendo outro. — Legiões<br />

poderiam viver apenas com isto, eu juro.<br />

Nós rimos juntas, e eu percebi que fazia muito tempo que não ouvia o som<br />

de minha própria risa<strong>da</strong>.<br />

Os dias se arrastaram até que finalmente a tarde de sábado chegou. Eu não<br />

tinha roupa nenhuma, além de meu próprio uniforme, e, pela primeira vez, senti<br />

falta de ter algo bonito para vestir. Lavei meu cabelo, enxaguando-o com um<br />

pouquinho do meu precioso óleo de rosas e pedi um batom emprestado à Kitty.<br />

Embora eu tivesse desvalorizado a ocasião o tanto quanto podia, as outras devem<br />

ter percebido meu entusiasmo e provocavam-me impiedosamente, até que

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