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A filha da feiticeira - Paula Brackston

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199<br />

Eliza apertou a mão de sua amiga. Ela queria aproveitar o dia para deleitar-se<br />

com a tranquili<strong>da</strong>de do momento, mas sua mente não abandonava os pensamentos<br />

sobre as mulheres assassina<strong>da</strong>s. Pensamentos terríveis e imagens ain<strong>da</strong> mais<br />

terríveis.<br />

— Ah, olhe. — Abigail apontou para o gramado, para um bando de crianças<br />

gritando em torno de uma vaca. O animal estava meio adormecido, e um fazendeiro<br />

de sobretudo branco se encontrava sentado em um banquinho de três pernas ao<br />

lado dele. Ele terminou de ordenhar e se levantou. As crianças se puseram em uma<br />

fila desordena<strong>da</strong>, leva<strong>da</strong>s por suas amas-secas, babás e mães. A vaca mastigava<br />

calmamente, enquanto o agricultor servia o leite em copos de lata com uma concha.<br />

— Vamos tomar um pouco. — Abigail puxou Eliza pela grama. — Venha. Tire<br />

o medo <strong>da</strong> fadiga <strong>da</strong> sua cabeça. Um pouco de leite é certamente o revigorante<br />

exato de que sua paciente precisa, você não acha?<br />

Abigail tirou um centavo de sua bolsa e entregou ao fazendeiro. Ele encheu<br />

outro copo e o entregou a ela. Abigail bebeu com vontade, o leite espumoso<br />

deixando uma delica<strong>da</strong> linha branca acima do lábio superior. Ela sorriu e passou o<br />

copo para Eliza.<br />

— Está uma delícia. Prove — disse ela.<br />

Eliza levou o copo à boca e tomou um gole. Seu rosto se contorceu e foi tudo<br />

o que ela pôde fazer para não começar a vomitar. O leite estava intragavelmente<br />

azedo, coalhado e estragado.<br />

— Ah, mas Abigail... Este leite está ruim. Ele azedou.<br />

— Que absurdo, Eliza. Acabei de provar. — Abigail pegou de volta a caneca e<br />

cheirou o que restava do leite. Ela franziu a testa. Seu rosto escureceu por um<br />

momento de uma forma que Eliza não tinha visto antes. De repente, ela despejou o<br />

líquido na grama e devolveu o copo para o fazendeiro. — Não consigo entender —<br />

disse ela. — Para mim, estava bom. Vamos. — Ela pegou o braço de Eliza mais uma<br />

vez e foi para longe <strong>da</strong> vaca. — Vamos <strong>da</strong>r um passeio ao lado do zoológico.<br />

Eliza não sabia como <strong>da</strong>r sentido ao que acabara de acontecer. Ela vira<br />

Abigail beber o leite, mas ela mesma não conseguira <strong>da</strong>r mais do que um gole de tão<br />

rançoso que estava. Por que Abigail não percebera? E por que tentara fingir que era<br />

bom quando não era? Foi um incidente pequeno e aparentemente insignificante,<br />

mas que aborreceu Eliza. Ela achou que o dia perdera seu brilho dourado e ficou<br />

alivia<strong>da</strong> quando completaram o percurso pelo parque e voltaram para a casa.

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