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A filha da feiticeira - Paula Brackston

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janela que se projetava para a rua. A silhueta <strong>da</strong> anfitriã de Eliza podia ser<br />

claramente percebi<strong>da</strong> por trás <strong>da</strong> cortina de ren<strong>da</strong>. Era o seu lugar favorito para se<br />

sentar e assistir às i<strong>da</strong>s e vin<strong>da</strong>s <strong>da</strong> vizinhança. Muito pouco escapava dos olhos<br />

avarentos <strong>da</strong> sra. Garvey.<br />

A mão de Eliza estava na maçaneta quando ela teve a forte sensação de que<br />

alguém a olhava. Ficou congela<strong>da</strong> por um instante, depois se virou. Do outro lado <strong>da</strong><br />

rua, vislumbrou um vulto sombrio, ou talvez a sombra desse vulto, assim que ele<br />

entrou no beco estreito ao lado <strong>da</strong> pa<strong>da</strong>ria. A rua era um manancial de pessoas, e,<br />

ain<strong>da</strong> assim, tinha certeza de que vira alguém que não deveria estar lá. Um tremor<br />

tomou conta de seu corpo. Ela abriu a porta e entrou, fechando-a com uma bati<strong>da</strong>.<br />

A sra. Garvey surgiu de seu quarto mais rápido que um raio. Era uma mulher<br />

escultural, que gostava de se vestir de forma a acentuar suas curvas. Ain<strong>da</strong> que não<br />

estivesse usando uma crinolina, suas formas teriam preenchido o corredor estreito<br />

do mesmo jeito.<br />

— Pelo que vejo, você veio para casa cedo. Não está se sentindo bem, dra.<br />

Hawksmith? — Sua preocupação não era tanto pela saúde de sua inquilina, mas sim<br />

por algumas migalhas de drama.<br />

— Não, de forma alguma. O dr. Gimmel estava indisposto. Ele me mandou<br />

para casa.<br />

— Ah! Sempre achei que o bom doutor iria acabar esgotado do jeito que ele<br />

cui<strong>da</strong> de seus pacientes. É um homem tão bom. Por favor, certifique-se de lhe<br />

transmitir meus votos de uma rápi<strong>da</strong> recuperação, sim?<br />

— Claro!<br />

Eliza passou pela sra. Garvey, seu olfato quase saturado pelo cheiro de<br />

violeta. A sra. Garvey não se mexeu de onde estava. Ela sacou seu leque e começou<br />

a abaná-lo vigorosamente sob o queixo.<br />

— Ah, esse calor — gemeu ela. — É de admirar que as pessoas adoeçam?<br />

Não temos ar, estou lhe dizendo. Foi todo consumido. Haverá cólera novamente,<br />

guarde minhas palavras, dra. Hawksmith. Guarde-as. Você verá que eu estava certa.<br />

— Sem dúvi<strong>da</strong>, sra. Garvey, agora, se me der licença, gostaria de abrir a<br />

clínica.<br />

— O quê? Agora! Em plena luz do dia! Não, não, dra. Hawksmith, acho que<br />

não. Esse não era o nosso acordo. A clínica deve funcionar à noite, é isso que foi<br />

acor<strong>da</strong>do. Na<strong>da</strong> foi dito sobre as tardes.

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