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A filha da feiticeira - Paula Brackston

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tremeram, mas não abriram. Seu pescoço estava deformado e inchado, e<br />

apresentava ínguas. E aqueles caroços horríveis, por sua vez, tinham uma massa de<br />

manchas vermelhas. Sua pele estava começando a escurecer com o sangramento<br />

debaixo de sua superfície, que rendia à doença o apelido de peste negra. Bess<br />

afastou tais pensamentos de sua mente e gentilmente ergueu e abriu os lábios de<br />

sua irmã, derramando um minúsculo gole <strong>da</strong> mistura de mel com água em sua boca.<br />

Ele escorreu para fora. Ela tentou novamente. Desta vez, Margaret balbuciou, mas o<br />

sabor a agitou um pouco e a fez abrir os olhos avermelhados.<br />

— Bess? — Sua voz era um suspiro seco.<br />

— Estou aqui, pequena.<br />

— Bess... — Ela lutou para se concentrar, esticando a mão para tocar o rosto<br />

de Bess. — Você pode me deixar melhor... Sei que pode... use sua magia, Bess.<br />

Sua magia. — Os olhos <strong>da</strong> criança encontraram, então, os de Bess, implorando,<br />

pedindo, mendigando, cheios de medo e ain<strong>da</strong> assim com esperança. Com<br />

expectativa.<br />

Bess lutou contra as lágrimas de tristeza e frustração. Seus truques não<br />

tinham nenhuma serventia para ela agora. As pequenas invocações e ilusões com as<br />

quais secretamente havia deleitado tanto Margaret por to<strong>da</strong> a sua vi<strong>da</strong> eram<br />

impotentes contra a feroci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> peste, e Bess sabia disso. Ela balançou a cabeça,<br />

não querendo admitir para sua ama<strong>da</strong> irmã que a magia não a aju<strong>da</strong>ria.<br />

— Mais tarde, minha queri<strong>da</strong>. Por ora, você deve beber um pouco mais.<br />

Assim, está bem. — Bess mergulhou a colher na tigela outra vez. — Aqui, de novo.<br />

Um pouco mais. Isso a deixará forte novamente. — Ela continuou a alimentar a<br />

irmã, o olhar <strong>da</strong> menina o tempo todo sobre ela, até que pensou que não seria<br />

capaz de conter o próprio choro. Assim que a tigela esvaziou, colocou Margaret<br />

deita<strong>da</strong> e a deixou confortável. Ela se sentou no chão ao lado <strong>da</strong> cama baixa, os<br />

braços ao redor <strong>da</strong> criança, desejando que ficasse bem. Desejando que vivesse.<br />

Na manhã seguinte, Bess acordou onde pegara no sono, ao lado <strong>da</strong> irmã. O<br />

galo cantou com a voz rouca sobre o telhado do celeiro. Um amanhecer cinzento<br />

sugeria que outra noite fora supera<strong>da</strong>, outro dia estava por vir. Bess ergueu-se<br />

rigi<strong>da</strong>mente sobre seus pés e foi até o fogo para atiçar as brasas.<br />

— Bess. — Sua mãe estava atrás dela.<br />

— Bom-dia, mãe. Não se incomode. Vou cui<strong>da</strong>r do fogo e buscar um pouco<br />

mais de mel e água para Margaret. Ela gostou, eu acho. Sei que irá ajudá-la.

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