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A filha da feiticeira - Paula Brackston

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— Aqui, isso deve animá-la — disse Strap com um sussurro fingido,<br />

segurando um pe<strong>da</strong>ço de papel dobrado. — Um dos motoristas de ambulância me<br />

entregou e pediu que chegasse até você.<br />

Peguei o bilhete e o desdobrei, meu coração disparando diante do<br />

pensamento em Archie. Strap se afastou cui<strong>da</strong>dosamente enquanto eu lia a curta<br />

mensagem.<br />

Bess, meu amor, encontre-me na antiga escola esta noite.<br />

Seis horas. Sempre seu, AC.<br />

Fiquei surpresa. Não era típico de Archie programar algo tão em cima <strong>da</strong><br />

hora. Ele sabia muito bem o quão difícil era para mim furtar-me de algumas horas<br />

no PE e encontrá-lo sem ser descoberta. Mas, bem, às vezes ele obtinha uma<br />

dispensa de último minuto. Olhei para o relógio. Quase passava <strong>da</strong>s cinco. Enfiei o<br />

bilhete no bolso e olhei para Strap.<br />

— Suponho — disse ela sacudindo um cigarro para fora do pacote — que<br />

uma pessoa que tem trabalhado tão duro mereça um pouco de tempo livre. —<br />

Deitou-se em sua cama, de botas, com o cigarro entre os dentes, e fechou os olhos.<br />

— Suponho que seja justo e adequado — disse ela.<br />

A velha escola tinha um aspecto lúgubre sob a garoa que pingava em suas<br />

paredes cinzentas. O portão para o pátio estava destrancado. Eu o abri com um<br />

empurrão e atravessei o espaço vazio, abandonado há tanto tempo que não havia<br />

nenhuma marca de amarelinha feita de giz ou de tinta remanescente, apenas os<br />

ecos fantasmagóricos <strong>da</strong>s vozes infantis. Quando cheguei ao portão principal do<br />

edifício, hesitei. Certamente deveria estar trancado. Olhei para trás, mas não havia<br />

ninguém por perto. O clima deprimente e o ataque aéreo impediam as pessoas de<br />

deixarem suas casas, a menos que fossem obriga<strong>da</strong>s a fazê-lo. Peguei na enorme<br />

alça de bronze e me surpreendi quando o trinco se abriu com facili<strong>da</strong>de. Empurrei o<br />

portão e entrei. O saguão era arejado e iluminado apenas pela luz acinzenta<strong>da</strong> que<br />

vinha <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> atrás de mim. Continuei até a primeira porta que encontrei, que<br />

estava entreaberta. Ela rangeu alto quando a abri mais. Encontrei-me diante do que<br />

deve ter sido a sala de aula principal. Era grande o suficiente para acomo<strong>da</strong>r<br />

dezenas de crianças e to<strong>da</strong> ilumina<strong>da</strong> pela luz poeirenta filtra<strong>da</strong> pelas altas janelas.<br />

Havia um palco em uma <strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong>des, diante de um quadro negro<br />

impressionante. To<strong>da</strong>s as mesas e cadeiras haviam sido retira<strong>da</strong>s, sem dúvi<strong>da</strong>,<br />

remaneja<strong>da</strong>s para fins bélicos ou queima<strong>da</strong>s como lenha pelos moradores

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