14.04.2017 Views

A filha da feiticeira - Paula Brackston

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

305<br />

latindo acolá. Archie pegou minha sacola e abriu caminho para a baixa porta de<br />

madeira, que não estava tranca<strong>da</strong>. Atravessei a porta e inspirei a fumaça <strong>da</strong> madeira<br />

e o cheiro de flores corta<strong>da</strong>s. Archie levantou uma lâmpa<strong>da</strong> a óleo <strong>da</strong> lareira e<br />

colocou um fósforo aceso no pavio. O quarto se iluminou e entrou em foco. A lareira<br />

fora acesa havia algumas horas, e um fogo queimava brilhante e quente no enorme<br />

centro dela. Uma mesa de pinho escova<strong>da</strong> no meio do pequeno quarto ostentava<br />

um vaso de rosas e uma caixa de mantimentos. Havia duas cadeiras de madeira ao<br />

lado dela, bem como uma cadeira de balanço e uma poltrona de couro desbota<strong>da</strong>,<br />

perto do fogo. No canto mais distante, havia um lavatório com jarro e bacia, e um<br />

espelho pendurado na parede. Além disso, via-se uma cama de ferro com um grosso<br />

colchão de penas e uma colcha de retalhos.<br />

— Não é o Ritz, receio dizer — falou Archie, acendendo uma vela em um<br />

suporte de bronze e colocando-o sobre a mesa —, mas é nosso pelo resto do fim de<br />

semana. Ninguém vai nos perturbar. O fazendeiro é um primo de Albert.<br />

— É maravilhoso — disse eu —, muito maravilhoso. — Um pensamento me<br />

ocorreu, fui incapaz de me conter e perguntei: — Você... você já esteve aqui antes?<br />

Com alguém?<br />

— Não com alguém. — Ele balançou a cabeça e depois se aproximou de<br />

mim, tomando minhas mãos nas suas. — Eu juro a você, não sou <strong>da</strong>do a convi<strong>da</strong>r<br />

belas enfermeiras jovens para casinhas remotas na cala<strong>da</strong> <strong>da</strong> noite. Estive aqui<br />

apenas uma vez anteriormente, e sozinho. Precisava muito de um tempinho longe<br />

<strong>da</strong> frente de batalha, mas tinha apenas alguns dias de licença. Queria um lugar<br />

tranquilo. Um lugar onde pudesse deixar minha mente descansar, mesmo que por<br />

pouco tempo. Mencionei meu desejo a Albert. Ele é um bom homem e ofereceu-me<br />

este lugar. Quando eu disse que queria visitar a casa novamente, dessa vez com<br />

uma amiga, bem, ele arrumou tudo para mim. É animador, não é, encontrar esses<br />

pequenos atos de bon<strong>da</strong>de no meio de to<strong>da</strong> essa miséria?<br />

Sorri para ele, balançando a cabeça.<br />

— Mal posso acreditar que é tudo para nós. — Dei uma volta pelo quarto,<br />

tocando o dintel áspero sobre a lareira, parando para cheirar as vistosas rosas,<br />

entregando-me ao calor e à tranquili<strong>da</strong>de do lugar. — Só nós dois.<br />

— Só nós dois. Agora — ele esfregou as mãos juntas e espiou dentro <strong>da</strong> caixa<br />

de mantimentos —, vamos ver que gostosuras monsieur Henri nos reservou.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!