14.04.2017 Views

A filha da feiticeira - Paula Brackston

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

181<br />

esperou que o médico reagisse, mas ele ficou paralisado. Roland engasgou e<br />

empalideceu.<br />

— Dr. Gimmel. — Eliza tocou seu braço. — A artéria renal foi rompi<strong>da</strong>.<br />

— O quê? — O médico parecia incapaz de continuar. Ele largou o bisturi no<br />

chão, agora escorregadio, e agarrou a cabeça, cambaleando para trás.<br />

— Meu Senhor! — Roland agitou-se. — Eliza, o paciente vai sangrar até a<br />

morte.<br />

Eliza virou-se para a enfermeira.<br />

— Aten<strong>da</strong> o dr. Gimmel. Roland, mais clorofórmio.<br />

— Mais? Mas este homem já está no limite.<br />

— Faça como eu digo. — Eliza pegou uma pinça pequena <strong>da</strong> bandeja de<br />

instrumentos e se esforçou para localizar a fonte do sangue que jorrava. — Temos<br />

que desacelerar o ritmo cardíaco, se pudermos. — Ela continuou a mergulhar no<br />

interior <strong>da</strong> cavi<strong>da</strong>de, mas havia muito sangue agora; era quase impossível encontrar<br />

o que estava procurando. Por fim, deu um grito. — Peguei! Aqui, está preso. Roland,<br />

passe-me uma agulha. Vou tentar suturar a artéria. Está corta<strong>da</strong>, mas não parti<strong>da</strong>.<br />

Se eu reparar a abertura, deixando espaço suficiente para o fluxo de sangue...<br />

— Não se preocupe. — Roland não se moveu. — É muito tarde agora.<br />

Eliza olhou para cima, seu próprio rosto gotejando o sangue do paciente.<br />

Roland estava com a mão na garganta do homem para confirmar que não havia<br />

pulso. Ele balançou a cabeça. Eliza olhou para suas mãos dentro do corpo do<br />

homem morto, as mãos grossas de sangue, como se tivesse tentado matar, em vez<br />

de salvar o pobre coitado. Por um segundo, viu novamente a imagem de Mary Kelly,<br />

a menina que fora à sua clínica, igualmente encharca<strong>da</strong> de sangue.<br />

— Não! — gritou ela.<br />

Roland deu um passo para o lado dela.<br />

— Não foi culpa sua — disse a ela. — Não havia realmente mais na<strong>da</strong> que<br />

você pudesse fazer.<br />

Enquanto Eliza balançava a cabeça, notou que as arquibanca<strong>da</strong>s não<br />

estavam completamente vazias. Sentado na fileira de cima, parado como uma pedra<br />

e com uma expressão ilegível, estava o aluno novo que ela notara no dia anterior. O<br />

que ele estava fazendo ali, assistindo a uma cirurgia priva<strong>da</strong>? Todo mundo sabia que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!