22.09.2018 Views

#Coletânea Temática de Jurisprudência - Direito Penal e Processual Penal (2016)

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

prisão<br />

tem discutido amplamente a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecimento do direito <strong>de</strong> recorrer<br />

em liberda<strong>de</strong>. Embora a referida reclamação tenha sido <strong>de</strong>clarada prejudicada, por<br />

perda <strong>de</strong> objeto (DJ <strong>de</strong> 12-2-2007), o entendimento que estava a se firmar, inclusive<br />

com o meu voto, pressupunha que eventual custódia cautelar, após a sentença<br />

con<strong>de</strong>natória e sem trânsito em julgado, somente po<strong>de</strong>ria ser implementada se<br />

<strong>de</strong>vidamente fundamentada, nos termos do art. 312 do CPP. Na espécie, um fator<br />

<strong>de</strong>cisivo é o <strong>de</strong> que apenas a <strong>de</strong>fesa apelou da sentença <strong>de</strong> primeiro grau. O TRF 3ª<br />

Região <strong>de</strong>u parcial provimento ao recurso para reduzir a pena do acusado para oito<br />

anos <strong>de</strong> reclusão em regime inicial semiaberto. Com o julgamento da apelação, foi<br />

expedido mandado <strong>de</strong> prisão contra o paciente. Entretanto, a Segunda Turma do<br />

TRF 3ª Região não especificou quaisquer elementos suficientes para autorizar a<br />

constrição provisória da liberda<strong>de</strong>, nos termos do art. 312 do CPP. A<strong>de</strong>mais, o paciente<br />

permaneceu em liberda<strong>de</strong> durante toda a instrução criminal, assim como até o<br />

julgamento da apelação. Consi<strong>de</strong>rado o princípio constitucional da não culpabilida<strong>de</strong><br />

(CF, art. 5º, LVII) e dada a ausência <strong>de</strong> indicação <strong>de</strong> elementos concretos para basear<br />

a prisão preventiva, não é possível interpretar o simples fato da con<strong>de</strong>nação em se<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> apelação como fundamento idôneo para, por si só, <strong>de</strong>mandar a custódia cautelar<br />

do paciente antes do trânsito em julgado. Prece<strong>de</strong>ntes citados: HC 85.856/DF, rel.<br />

min. Carlos Velloso, Segunda Turma, unânime, DJ <strong>de</strong> 10-3-2006; RHC 86.822/<br />

MS, <strong>de</strong> minha relatoria, julgado em 6-2-2007, acórdão pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> publicação; e<br />

RHC 89.550/SP, rel. min. Eros Grau, Segunda Turma, unânime, DJ <strong>de</strong> 27-4-2007.<br />

Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ferida para que seja assegurado ao paciente o direito <strong>de</strong> recorrer do acórdão<br />

con<strong>de</strong>natório em liberda<strong>de</strong> até o trânsito <strong>de</strong>finitivo da con<strong>de</strong>nação criminal.<br />

[HC 84.029, rel. min. Gilmar Men<strong>de</strong>s, j. 26-6-2007, 2ª T, DJ <strong>de</strong> 6-9-2007.]<br />

= = HC 102.368, rel. min. Celso <strong>de</strong> Mello, j. 29-6-2010, 2ª T, DJE <strong>de</strong> 17-9-2010<br />

• A <strong>de</strong>cretação da preventiva lastreou-se nos fundamentos da garantia da or<strong>de</strong>m<br />

pública, garantia da aplicação da lei penal e conveniência da instrução criminal,<br />

nos termos do art. 312 do CPP. Na linha da jurisprudência <strong>de</strong>ste Tribunal, porém,<br />

não basta a mera explicitação textual dos requisitos previstos pelo art. 312 do CPP.<br />

Prece<strong>de</strong>ntes: HC 84.662/BA, rel. min. Eros Grau, Primeira Turma, unânime, DJ <strong>de</strong><br />

22-10-2004; HC 86.175/SP, rel. min. Eros Grau, Segunda Turma, unânime, DJ<br />

<strong>de</strong> 10-11-2006; HC 87.041/PA, rel. min. Cezar Peluso, Primeira Turma, maioria,<br />

DJ <strong>de</strong> 24-11-2006; e HC 88.448/RJ, rel. min. Gilmar Men<strong>de</strong>s, Segunda Turma,<br />

por empate na votação, DJ <strong>de</strong> 9-3-2007. Da simples leitura do <strong>de</strong>creto prisional,<br />

as únicas afirmações ou adjetivações apresentadas pelo juízo <strong>de</strong> origem são ilações<br />

<strong>de</strong> que a constrição pautar-se-ia no modus operandi da prática criminosa imputada<br />

ao paciente e na “comoção social que a gravida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>lito causou na socieda<strong>de</strong><br />

paulistana”. Não há razões bastantes para a manutenção da custódia preventiva,<br />

seja tanto pela garantia da or<strong>de</strong>m pública, seja pela aplicação da lei penal e conveniência<br />

da instrução criminal, as quais se revelam intimamente vinculadas. Situação<br />

sumário<br />

657

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!