PERTENÃAS FECHADAS EM ESPAÃOS ABERTOS - Acidi
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PERTENÇAS <strong>FECHADAS</strong> <strong>EM</strong> ESPAÇOS <strong>ABERTOS</strong> – Estratégias de (re)Construção Identitária de Mulheres Muçulmanas em Portugal<br />
como a coabitação, que também conheceu uma subida no país, embora<br />
menos do que noutros países europeus, já não conhecem, porém,<br />
correspondência entre as mulheres muçulmanas. De facto, as tradições<br />
e normas religiosas imperam mais fortemente nesta população, não<br />
sendo socialmente nem religiosamente aceite a união de facto.<br />
No que diz respeito às dinâmicas de recomposição das famílias, mais<br />
uma vez emerge o poder associado ao homem, estando aqui relacionado<br />
com as crianças. Cabendo ao homem de uma família muçulmana,<br />
tradicionalmente, a custódia dos filhos, o pai de Nisa, divorciado quando<br />
esta tinha 4 anos de idade, procurou que a tradição se cumprisse, ficando<br />
responsável pela filha:<br />
“O meu pai conseguiu a minha custódia por alegar a religião.<br />
Porque, segundo a religião muçulmana, quem tem direito aos<br />
filhos é o pai, segundo o Alcorão. Portanto, isso foi para tribunal,<br />
e foi aceite. A minha mãe, lógico que queria ficar comigo”. (Nisa,<br />
24 anos, origem indiana, enteada de Samirah)<br />
4.4. Os Ritos Nupciais: Modalidades de Celebração<br />
Enquanto o controlo familiar relativo à escolha do cônjuge é exercido<br />
sobretudo pelo pai, sendo este que, tradicionalmente, elege o marido<br />
para as filhas, o ritual de organização do casamento é da responsabilidade<br />
da mãe, envolvendo a participação das mulheres enquanto detentoras<br />
do principal papel.<br />
Em primeiro lugar, o casamento é anunciado a toda a comunidade, sendo<br />
um acontecimento social e público. A origem desta dimensão social do<br />
casamento deve-se ao facto de a jovem que se casa tornar-se ilícita para<br />
os outros homens, que devem, portanto, ser advertidos. Para além disso,<br />
os casamentos são locais privilegiados para novos encontros entre<br />
rapazes e raparigas solteiras e para acordar futuras alianças<br />
matrimoniais (Weibel, 2000). Embora as festas de casamento não sejam<br />
actualmente frequentadas com essa intenção, as jovens indianas<br />
frequentam a mesquita sobretudo nessas ocasiões, sendo, muitas vezes,<br />
um pretexto para um momento de convívio. Foi, contudo, também referida<br />
por Rafiah, uma ocasião que confirma a ideia de que as mães de rapazes<br />
em idade de casar aproveitam, ainda hoje, a concentração das jovens<br />
solteiras nos casamentos para encontrar uma possível noiva para eles:<br />
“Já me aconteceu em Londres, num casamento... Muita ridículo,<br />
aí eu senti-me mesmo, tipo, uma miúda indiana de há 50 anos<br />
atrás. Tu sentes-te observada nos casamentos, mais pelas velhas<br />
Maria Abranches<br />
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