PERTENÃAS FECHADAS EM ESPAÃOS ABERTOS - Acidi
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PERTENÇAS <strong>FECHADAS</strong> <strong>EM</strong> ESPAÇOS <strong>ABERTOS</strong> – Estratégias de (re)Construção Identitária de Mulheres Muçulmanas em Portugal<br />
não é Vivemos assim numa comunidade… E, depois, temos aqui<br />
a mesquita, os nossos filhos frequentam a mesquita e podem ir<br />
aprender a religião com mais facilidade, não têm que se deslocar<br />
tanto”. (Ayra, 43 anos, origem indiana, em Portugal desde 1975)<br />
“Em Odivelas nós temos lá a nossa mesquita, está a perceber É<br />
por isso que as pessoas gostam mais de viver ali, porque, pronto,<br />
se for ao pé da mesquita... A gente tenta ficar assim, para a gente<br />
ter um bocado de… Encontrar-se mais com a nossa comunidade,<br />
pronto”. (Raja, 49 anos, origem indiana, em Portugal desde 1981)<br />
Samirah, por sua vez, embora destaque as mesmas vantagens de residir<br />
numa zona de concentração indiana, Laranjeiro, salienta a sua<br />
preferência por outros concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, que<br />
considera terem mais qualidade, nomeadamente Oeiras, onde já residiu,<br />
enquanto solteira. Samirah não participou, de resto, na escolha da actual<br />
residência, por ser o local onde já se encontrava o cônjuge. A opção partiu,<br />
assim, sobretudo dos sogros, sendo confirmada, por esta entrevistada, a<br />
maior importância atribuída pelas pessoas mais velhas à presença de<br />
outros muçulmanos, devido às redes de solidariedade que se criam:<br />
“A minha falecida sogra e o meu falecido sogro escolheram uma<br />
zona onde tinha um bocadinho um meio indiano para conviver.<br />
O nosso meio indiano é muito ligado, e gosta de conviver, ajudam<br />
o outro. Eu habituei a viver cá. Porque é assim, eu vivi seis meses<br />
em Oeiras. Em questão de área e localidade, Oeiras é muito mais<br />
bonito, é mais superior, mais tranquilo, tem as suas vantagens.<br />
Mas aqui, a minha grande vantagem é que tenho a mesquita perto,<br />
assim os meus filhos podem ir à mesquita para aprender o<br />
Alcorão. (...) Nós ainda temos uma ligação que já não se vê nas<br />
sociedades europeias. Neste prédio tem umas cinco famílias<br />
indianas. Então, por isso, Laranjeiro para mim está muito forte,<br />
mais pelo meio, porque a localidade não é grande coisa, não é”<br />
(Samirah, 38 anos, origem indiana, em Portugal desde 1988)<br />
Entre as mais raparigas mais jovens, a opção por uma residência próxima<br />
da dos pais é tomada, aliás, com frequência, também pela população de<br />
origem portuguesa, sendo encontrada nessa estratégia o principal<br />
recurso de apoio. Verifica-se, assim, a existência de “solidariedades<br />
mobilizadas através dos laços familiares, em que as avós têm papel<br />
importante tanto na guarda das crianças, como a nível de outros apoios à<br />
vida doméstica” (Almeida e outros, 1998: 57).<br />
Encontram-se, assim, diversas estratégias residenciais entre as mulheres<br />
muçulmanas, que se diferenciam, entre outros factores (tais como,<br />
Maria Abranches<br />
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