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PERTENÇAS FECHADAS EM ESPAÇOS ABERTOS - Acidi

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PERTENÇAS <strong>FECHADAS</strong> <strong>EM</strong> ESPAÇOS <strong>ABERTOS</strong> – Estratégias de (re)Construção Identitária de Mulheres Muçulmanas em Portugal<br />

identidades culturais e à atenuação das diferenças. No fundo, as<br />

identidades produzem-se em circunstâncias concretas mas variáveis,<br />

traduzindo situações de cruzamentos de tempo e situações (Santos Silva,<br />

1996).<br />

1.2. Etnicidade enquanto Fonte de Identidade:<br />

Dinâmicas da Diversidade Étnica<br />

A identidade étnica representa uma entre as várias dimensões da<br />

identidade, que coexistem e se articulam de forma complexa (Machado,<br />

2002). Corresponde ao sentimento de pertença baseado numa história<br />

partilhada e numa cultura e tradições comuns – sendo a língua e a<br />

religião domínios centrais nesse padrão cultural de pertença – associado<br />

a um território específico.<br />

Sendo a integração dos imigrantes na sociedade receptora indissociável<br />

de toda a sequência do processo migratório, desde a origem ao destino,<br />

Rui Pena Pires distingue dois processos de integração, que se combinam<br />

em diferentes configurações contextuais. O autor redefine, em primeiro<br />

lugar, o conceito de assimilação, ligando o seu significado às dinâmicas<br />

identitárias que fazem parte da trajectória do imigrante. Na medida em<br />

que a própria sociedade onde se insere o imigrante é heterogénea, a<br />

assimilação não representa uma mera adaptação nem uma<br />

homogeneização, mas antes uma reconstrução do espaço identitário<br />

comum, através da inclusão de novas referências. O segundo processo de<br />

integração é designado por etnicização, e consiste na construção de uma<br />

identidade colectiva, caracterizada por um sentido de solidariedade e<br />

baseada num sentimento de pertença a uma colectividade com uma<br />

ascendência comum. A etnicização apresenta um carácter relacional, na<br />

medida em que depende mais das reacções à presença dos imigrantes na<br />

sociedade de destino do que às memórias culturais que eles transportam,<br />

na medida em que, por um lado, os conteúdos da identidade étnica não<br />

são todos necessariamente transportados pelo imigrante e, por outro<br />

lado, as suas identidades anteriores não correspondem a uma memória<br />

unificada do passado mas antes a uma reconstrução no presente, devido<br />

à própria extracção dos contextos em que foram construídas (Pena Pires,<br />

2003b).<br />

Os fenómenos migratórios, cada vez mais visíveis nas sociedades<br />

contemporâneas, caracterizam-se, assim, pela complexidade da coexistência<br />

entre uma cultura global e as especificidades locais, numa constante<br />

adaptação e reconstrução das identidades que as caracterizam.<br />

Maria Abranches<br />

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