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PERTENÇAS FECHADAS EM ESPAÇOS ABERTOS - Acidi

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PERTENÇAS <strong>FECHADAS</strong> <strong>EM</strong> ESPAÇOS <strong>ABERTOS</strong> – Estratégias de (re)Construção Identitária de Mulheres Muçulmanas em Portugal<br />

çámos a criar divergências nesse aspecto e, entretanto, não deu<br />

certo. O trabalho com o meu irmão... não é que eu não goste,<br />

mas... Porque eu sou, do género, um bocadinho influenciável,<br />

do género, acomodar-me às situações, percebes” (Inas, 27 anos,<br />

origem indiana, chegou a Portugal em 1977, com 1 ano)<br />

Latifah e Nisa, pelo contrário, seguiram a área vocacional desejada e<br />

exercem profissões ligadas às respectivas formações universitárias,<br />

ensino do 1.º ciclo e psicopedagogia, respectivamente. Embora a<br />

primeira, como já vimos, tenha conhecido alguns obstáculos por parte do<br />

pai relativamente ao prosseguimento dos estudos, a mãe, Raja, evidencia<br />

grande contentamento com a realização profissional da filha:<br />

“Pronto, as ideias dão umas certas voltas, né Hoje a [Latifah]<br />

com o curso dela ganha muito mais e ela está satisfeitíssima,<br />

porque é uma coisa que ela gostava. E eu estou muito satisfeita.<br />

Acho que, na altura, parece que a gente tomou a decisão certa,<br />

mas era sempre aquela coisa, a gente tinha medo que as<br />

pessoas… Não era tradição, mas pronto, às vezes a gente tem que<br />

virar-se conforme o tempo, não é” (Raja, 49 anos, origem<br />

indiana, mãe de Latifah)<br />

Manar, que presta apoio no quiosque da mãe, gostaria de ter sido<br />

educadora de infância. Contudo, sendo a jovem indiana que pratica a<br />

religião muçulmana com maior regularidade, refere que este tipo de<br />

trabalho familiar lhe facilita o cumprimento das práticas religiosas,<br />

sobretudo devido à flexibilidade do horário, que divide com a mãe. Por sua<br />

vez, ao contrário de Rafiah e Yasmin, que nunca trabalharam, estando<br />

apenas a frequentar a universidade, ou de Zayba que, tendo recentemente<br />

terminado o curso de Gestão de Empresas, está actualmente à procura<br />

do primeiro emprego, Hana, à semelhança de Manar, apresenta um<br />

percurso profissional caracterizado por várias mudanças e vínculos contratuais<br />

precários, trabalhando, à data da entrevista, sem contrato, num<br />

bar das Docas de Lisboa.<br />

As jovens guineenses, como já foi referido, exercem actividades menos<br />

qualificadas do que a generalidade das indianas (ver quadro 7) e apenas<br />

Fatumata, há pouco tempo em Portugal, não se encontra ainda a trabalhar.<br />

“O meu primeiro trabalho foi na limpeza, outras pessoas estavam<br />

de férias e eu fui lá fazer as férias delas. Como estava a fazer<br />

férias não exigiam contrato nem desconto, como eu não tinha<br />

documentos era só isso que eu podia fazer. Fui fazer tranças,<br />

depois, em casa. Vivia daquilo, mas era pouco, a minha irmã me<br />

Maria Abranches<br />

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