03.12.2018 Views

O Homem de Areia - Lars Kepler

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ela se dá conta <strong>de</strong> que está em contato direto com Jurek Walter.<br />

— Teria sido interessante ver você matá-lo — ele diz em voz baixa.<br />

Ele olha para ela com uma curiosida<strong>de</strong> sincera.<br />

— Você está aqui, o que significa que já <strong>de</strong>ve ter matado gente — ele diz.<br />

— Sim — ela respon<strong>de</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma pausa.<br />

Ele assente.<br />

— É inevitável.<br />

— Não quero falar sobre isso — Saga murmura.<br />

— Matar não é bom nem ruim — Jurek diz calmamente. — Mas dá uma<br />

sensação estranha nas primeiras vezes, como comer algo que você não<br />

achava que fosse comestível.<br />

De repente, Saga se lembra da primeira vez que matou uma pessoa. O<br />

sangue do homem havia esguichado sobre o tronco <strong>de</strong> uma bétula. Embora<br />

não houvesse necessida<strong>de</strong>, ela havia disparado um segundo tiro e observado<br />

pela mira telescópica a bala acertar um centímetro mais ou menos acima da<br />

anterior.<br />

— Fiz o que precisava fazer — ela sussurra.<br />

— Assim como ontem.<br />

— Sim, mas não queria que você tivesse sido punido.<br />

Jurek para a máquina.<br />

— Faz muito tempo que estava esperando por isso, <strong>de</strong>vo admitir — ele<br />

explica.<br />

— Eu podia ouvir você gritando através das pare<strong>de</strong>s — Saga diz.<br />

— Aqueles gritos — ele respon<strong>de</strong> — foram o resultado <strong>de</strong> uma overdose<br />

<strong>de</strong> Cisordinol dada por nosso médico novo. São a reação natural à dor.<br />

Alguma coisa dói, e o corpo grita, embora não haja por quê. Além disso,<br />

nesse caso, mais parecia um luxo, porque eu sabia que essa oportunida<strong>de</strong><br />

nunca viria <strong>de</strong> outra forma.<br />

— Que oportunida<strong>de</strong>?<br />

— Eles nunca vão me <strong>de</strong>ixar ver um advogado, mas há outras<br />

possibilida<strong>de</strong>s, outras formas <strong>de</strong> sair daqui.<br />

Os olhos <strong>de</strong>le são estranhamente pálidos, quase parecendo metálicos.<br />

— Você acha que posso ajudar você — ela sussurra. — É por isso que<br />

assumiu a culpa.<br />

— Não posso <strong>de</strong>ixar que o médico tenha medo <strong>de</strong> você — ele diz.<br />

— Por quê?<br />

— Todos que vêm parar aqui são violentos — Jurek diz. — Os

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!