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O Homem de Areia - Lars Kepler

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— O pai <strong>de</strong> Jurek recebeu permissão <strong>de</strong> ficar no país com um visto <strong>de</strong><br />

trabalho provisório — Carlos diz. — Mas não tinha permissão <strong>de</strong> manter os<br />

filhos com ele. Depois que eles foram <strong>de</strong>scobertos, o Comitê <strong>de</strong> Bem-Estar<br />

Infantil foi notificado e os meninos foram levados em custódia. Ao que tudo<br />

indica, as autorida<strong>de</strong>s pensaram estar fazendo a coisa certa. A <strong>de</strong>cisão foi<br />

apressada, mas, como um dos meninos estava doente, os casos foram tratados<br />

separadamente.<br />

— Eles foram mandados para lugares diferentes.<br />

— O Departamento <strong>de</strong> Estrangeiros enviou o menino saudável <strong>de</strong> volta<br />

para o Cazaquistão, e <strong>de</strong>pois um assistente social diferente tomou a <strong>de</strong>cisão<br />

<strong>de</strong> mandar o outro para a Rússia… para o Orfanato 67, para ser exato.<br />

— Entendi — Joona sussurra.<br />

— Jurek cruzou a fronteira para a Suécia em janeiro <strong>de</strong> 1994. Talvez seu<br />

irmão já estivesse na pedreira nessa época, talvez não. Mas, a essa altura, o<br />

pai <strong>de</strong>les já estava morto.<br />

Carlos estaciona numa vaga na rua Dala, não muito longe do apartamento<br />

<strong>de</strong> Joona na rua Wallin, 31. Os dois saem do carro, caminham pela calçada<br />

coberta <strong>de</strong> neve e param na porta <strong>de</strong> Joona.<br />

— Como havia dito, eu conheci Roseanna Kohler — Carlos diz com um<br />

suspiro. — E, quando os filhos <strong>de</strong>la <strong>de</strong>sapareceram, fiz tudo que pu<strong>de</strong>, mas<br />

não foi o suficiente.<br />

— Não.<br />

— Contei para ela sobre Jurek. Ela queria que eu contasse tudo para ela,<br />

queria ver fotos <strong>de</strong>le e…<br />

— Mas Reidar não sabia.<br />

— Não. Ela disse que era melhor assim. Sei lá… Roseanna se mudou para<br />

Paris <strong>de</strong>pois disso. Ela me ligava o tempo todo. Andava bebendo <strong>de</strong>mais.<br />

Carlos esfrega o pescoço.<br />

— Que foi? — Joona pergunta.<br />

— Uma noite, Roseanna me ligou <strong>de</strong> Paris, gritando que tinha visto Jurek<br />

Walter na porta do hotel, mas não <strong>de</strong>i ouvidos. Na mesma noite, ela se matou.<br />

— Você <strong>de</strong>veria ter me falado <strong>de</strong>ssa ligação — Joona diz.<br />

— Não acreditei nela.<br />

— Isso causou muito sofrimento… você sabe disso?<br />

Carlos faz que sim com a cabeça e <strong>de</strong>volve as chaves do carro para Joona.<br />

— Vai dormir um pouco — Carlos diz.

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