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O Homem de Areia - Lars Kepler

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Eles seguiram os trilhos floresta a<strong>de</strong>ntro, na direção da gran<strong>de</strong> barragem. A<br />

escuridão entre as árvores era quase absoluta. As pegadas do assassino foram<br />

cruzadas três vezes pelas pegadas mais leves <strong>de</strong> um coelho. Em <strong>de</strong>terminado<br />

momento ficou tão escuro que eles per<strong>de</strong>ram o rastro outra vez. Eles pararam,<br />

avistaram novamente as pegadas e se apressaram.<br />

De repente, começaram a ouvir gemidos estri<strong>de</strong>ntes, como os <strong>de</strong> um<br />

animal chorando, mas <strong>de</strong> um jeito que eles jamais haviam escutado. Seguiram<br />

as pegadas e chegaram mais perto da origem do som.<br />

O que eles viram entre os troncos <strong>de</strong> árvore era algo saído <strong>de</strong> uma história<br />

medieval grotesca. O homem que eles tinham seguido estava em frente a uma<br />

cova rasa. O chão a sua volta estava coberto por terra recém-revirada. Uma<br />

mulher imunda e raquítica tentava sair do caixão, chorando e se <strong>de</strong>batendo<br />

para subir pela beirada. Mas, toda vez que ela subia, o homem a empurrava<br />

<strong>de</strong> volta para baixo.<br />

Por alguns segundos, Joona e Samuel não conseguiram fazer nada além <strong>de</strong><br />

encarar; então, soltaram as travas <strong>de</strong> segurança das armas e <strong>de</strong>sataram a<br />

correr.<br />

O homem não estava armado, e Joona sabia que <strong>de</strong>veria mirar nas pernas,<br />

mas não pô<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> mirar no coração. Eles correram pela neve suja,<br />

obrigaram o homem a <strong>de</strong>itar <strong>de</strong> bruços e algemaram seus punhos e pés.<br />

Samuel parou ofegante, apontando a pistola para o homem enquanto ligava<br />

para o Controle <strong>de</strong> Emergências. Joona conseguia ouvir o soluço em sua voz.<br />

Eles haviam capturado um até então <strong>de</strong>sconhecido serial killer. Seu nome<br />

era Jurek Walter.<br />

Com cuidado, Joona ajudou a mulher a sair do caixão e tentou acalmá-la.<br />

Ela ficou <strong>de</strong>itada no chão, arfando. Enquanto Joona explicava que a ajuda<br />

estava a caminho, vislumbrou um movimento entre as árvores. Algo gran<strong>de</strong><br />

saiu correndo. Um galho estalou, os abetos chacoalharam, e a neve caiu<br />

suavemente como um pano.<br />

Talvez fosse um cervo.<br />

Mais tar<strong>de</strong> Joona se <strong>de</strong>u conta <strong>de</strong> que <strong>de</strong>via ser um cúmplice <strong>de</strong> Jurek<br />

Walter, mas, naquele momento, só conseguia pensar em salvar a mulher e<br />

levar o homem sob custódia para a prisão preventiva Kronoberg.<br />

Descobriu-se que a mulher estava no caixão havia quase dois anos. Jurek<br />

Walter lhe trazia água e comida regularmente, <strong>de</strong>pois cobria a cova<br />

novamente. A mulher tinha ficado cega e estava gravemente <strong>de</strong>snutrida. Seus<br />

músculos se atrofiaram, e as feridas <strong>de</strong> pressão a <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong>formada. Suas

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