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O Homem de Areia - Lars Kepler

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12<br />

Um trem passa com estrondo pela paisagem noturna <strong>de</strong> inverno. A<br />

locomotiva puxa quase trezentos metros <strong>de</strong> vagões.<br />

O maquinista está na cabine com as mãos nos controles. O barulho do<br />

motor e dos trilhos é rítmico e monótono.<br />

A neve flutua pelo túnel <strong>de</strong> luz formado pelos dois faróis. O resto é<br />

escuridão.<br />

Quando o trem emerge da curva larga em torno <strong>de</strong> Vårsta, o maquinista<br />

aumenta a velocida<strong>de</strong>.<br />

Ele acha a neve tão pesada que pensa em parar em Hallsberg, se não antes,<br />

para verificar a distância <strong>de</strong> frenagem.<br />

Ao longe na névoa, dois cervos saltam para fora dos trilhos e atravessam<br />

os campos brancos. Eles se movem pela neve com uma facilida<strong>de</strong> mágica e<br />

<strong>de</strong>saparecem noite a<strong>de</strong>ntro.<br />

O maquinista freia suavemente quando o trem sobe pela ponte elevada.<br />

Parece estar voando. A neve gira e rodopia diante dos faróis.<br />

O trem já está no meio da ponte, bem acima do gelo do Hallsfjär<strong>de</strong>n,<br />

quando ele vê uma sombra trêmula através da névoa. Tem alguém nos trilhos.<br />

O maquinista aperta a buzina e observa o vulto dar um passo longo para a<br />

direita, para o outro trilho.<br />

O trem está se aproximando muito rápido. Por meio segundo o homem é<br />

iluminado pelos faróis. Ele pisca. Um jovem com o rosto pálido. As roupas<br />

estão esvoaçantes em seu corpo magro, e ele some.<br />

O maquinista não percebe que acionou os freios e que o trem está<br />

<strong>de</strong>sacelerando. Há um som trovejante e o guincho agudo <strong>de</strong> metal, e ele não<br />

sabe se atropelou o rapaz.<br />

Está tremendo e consegue sentir a adrenalina atravessar seu corpo quando<br />

liga para o número <strong>de</strong> emergência.<br />

— Sou um maquinista. Acabei <strong>de</strong> passar por alguém na ponte Igelsta. Ele<br />

estava no meio dos trilhos, mas acho que não o atropelei.<br />

— Alguém se feriu? — a telefonista pergunta.

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