03.12.2018 Views

O Homem de Areia - Lars Kepler

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

126<br />

Susanne se levanta na cama. Está fora <strong>de</strong> si. Vira para a pare<strong>de</strong> enquanto<br />

soluça <strong>de</strong> tanto chorar, tentando escon<strong>de</strong>r o rosto com a mão que não está<br />

machucada.<br />

— Por favor, senta — Joona diz com a voz suave.<br />

— Ele não po<strong>de</strong>, ele não po<strong>de</strong>…<br />

— Você escon<strong>de</strong>u sua família no porão porque tinha medo <strong>de</strong> Jurek.<br />

Susanne olha para ele, <strong>de</strong>pois começa a andar <strong>de</strong> um lado para o outro em<br />

cima da cama.<br />

— Ninguém me ouviria, mas sei que ele falou a verda<strong>de</strong>. Senti o fogo <strong>de</strong>le<br />

no meu rosto.<br />

— Eu teria feito o mesmo que você — Joona diz, sério. — Se acreditasse<br />

que pu<strong>de</strong>sse proteger minha família <strong>de</strong> Jurek <strong>de</strong>ssa forma, teria feito igual.<br />

Ela para com curiosida<strong>de</strong> nos olhos.<br />

— Eu tinha <strong>de</strong> dar uma injeção <strong>de</strong> Zypadhera em Jurek. Ele havia recebido<br />

um sedativo e estava <strong>de</strong>itado na cama. Não conseguia se mexer. Sven<br />

Hoffman abriu a porta, entrei e apliquei a injeção nas ná<strong>de</strong>gas <strong>de</strong> Jurek.<br />

Enquanto colocava um curativo, expliquei que não queria ter nada a ver com<br />

a carta <strong>de</strong>le. Não iria enviar. Não disse que já a tinha queimado, só disse…<br />

Ela fica em silêncio e tenta se recompor antes <strong>de</strong> continuar. Fica com a<br />

mão sobre a boca por um tempo, <strong>de</strong>pois a <strong>de</strong>ixa cair:<br />

— Jurek abriu os olhos e olhou diretamente para mim, e começou a falar<br />

em russo. Não sei se ele sabia que eu entendia. Nunca contei para ele que já<br />

morei em São Petersburgo…<br />

Ela para <strong>de</strong> falar e baixa a cabeça.<br />

— O que ele disse?<br />

— Ele prometeu cortar Ellen e Anna no meio… e me <strong>de</strong>ixar escolher qual<br />

sangraria até a morte — ela diz, <strong>de</strong>pois sorri para tentar não <strong>de</strong>smoronar. —<br />

Os pacientes dizem as coisas mais terríveis. Você tem <strong>de</strong> aguentar todo tipo<br />

<strong>de</strong> ameaça. Mas era diferente com Jurek.<br />

— Tem certeza <strong>de</strong> que ele falou em russo, e não em cazaque?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!