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O Homem de Areia - Lars Kepler

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Seu queixo tremia, e as gotas <strong>de</strong> suor na testa se fundiam e escorriam pelo<br />

rosto. Uma enfermeira estava sentada ao lado <strong>de</strong>le, segurando sua mão<br />

esquerda e limpando cuidadosamente as lacerações.<br />

— Ele falou alguma coisa? — Joona pergunta.<br />

— Está <strong>de</strong>lirando, e é difícil enten<strong>de</strong>r o que diz — a enfermeira respon<strong>de</strong>,<br />

colocando uma compressa sobre a ferida na mão <strong>de</strong>le.<br />

A enfermeira sai do quarto, e Joona se aproxima com cautela do paciente.<br />

Quando olha para seus traços <strong>de</strong>finhados, não tem dificulda<strong>de</strong> em i<strong>de</strong>ntificar<br />

o rosto infantil que havia estudado nas fotografias: a boca <strong>de</strong>licada, os cílios<br />

escuros e longos. Joona se lembra do retrato mais recente <strong>de</strong> Mikael. Ele<br />

tinha <strong>de</strong>z anos, sentado na frente <strong>de</strong> um computador com o cabelo caindo<br />

sobre os olhos, um sorriso divertido nos lábios.<br />

O jovem no leito <strong>de</strong> hospital tosse forte, faz algumas inspirações<br />

irregulares com os olhos fechados, <strong>de</strong>pois murmura:<br />

— Não, não, não…<br />

Não há dúvida <strong>de</strong> que o homem <strong>de</strong>itado na cama à sua frente é Mikael<br />

Kohler-Frost.<br />

— Agora você está a salvo, Mikael — Joona diz.<br />

A dra. Goodwin está atrás <strong>de</strong>le em silêncio, olhando para o paciente<br />

esquelético.<br />

Ele balança a cabeça e estremece, tensionando todos os músculos do corpo.<br />

O líquido na bolsa <strong>de</strong> soro fica vermelho <strong>de</strong> sangue. Ele treme e começa a<br />

choramingar baixo.<br />

— Meu nome é Joona Linna. Sou <strong>de</strong>tetive-inspetor, e fui uma das pessoas<br />

que procuraram você quando não voltou para casa.<br />

Mikael abre um pouco os olhos, mas parece <strong>de</strong> início não ver nada. Então,<br />

pisca algumas vezes e estreita os olhos para Joona.<br />

— Você acha que estou vivo…<br />

Ele tosse, volta a se recostar, ofegante, e olha para Joona.<br />

— On<strong>de</strong> você esteve, Mikael?<br />

— Não sei. Não sei <strong>de</strong> nada. Não sei on<strong>de</strong> estou.<br />

— Você está no hospital Sö<strong>de</strong>rmalm em Estocolmo — Joona diz.<br />

— A porta está trancada? Está?<br />

— Mikael, preciso saber on<strong>de</strong> você estava.<br />

— Não entendo — ele sussurra.<br />

— Preciso saber…<br />

— O que vocês estão fazendo comigo? — ele pergunta com a voz

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